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Banda Daki leva irreverência e bom humor à Avenida Rio Branco

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General Zé Kodak e a musa Elizabeth Ank no carro alegórico da Banda Daki
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Pela primeira vez, o Largo do Riachuelo, no Centro de Juiz de Fora, foi marcado como ponto de concentração da Banda Daki. Antes, o encontro sempre foi no Largo do São Roque, na Avenida dos Andradas. O motivo da troca de lugar foi explicado por Marcelo Barra durante a entrega da chave pelo prefeito Bruno Siqueira (PMDB) à Corte Real. “Tem uma área muito grande aqui, nós fechamos o trânsito mais tarde e não houve impedimento nenhum. No Vianna Júnior, nós tínhamos problema com trânsito. Eu acho que é o local ideal e uma experiência que pode dar certo”, disse Marcelo, que assumiu a organização desta edição da Banda Daki.

Às 11h, os foliões começaram a aglomerar-se no bloco mais tradicional de Juiz de Fora, patrimônio cultural desde 2002. Para os personagens marcantes, que há décadas frequentam a Banda Daki, há um sentimento inerente de saudade do que já presenciaram no passado, mas nostalgia é a maior prova de que o tempo transforma e tudo se recria. “Esse é o sucesso. A Banda Daki está aí em seu 46º aniversário e espero que, no ano que vem, seja ainda muito melhor. Cada ano que passa a Banda fica mais bonita”, diz Zé Kodak, quando sobe no trio elétrico, enquanto acena para fotos e lança serpentinas no ar.

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O prefeito Bruno Siqueira entregou a chave que abre o carnaval à rainha e princesa de Juiz de Fora, Gracyele Rocha e Deysi Alves, e ao rei momo, Eduardo Rodrigues

A Banda Daki, com vocal, teclado, baterista, baixista, guitarrista, percussionistas e os vários trompetistas começou por volta das 13h30 em cima do trio elétrico. As marchinhas são de um repertório irretocável desde o surgimento. É carnaval de “Bandeira branca”, “Até quarta feira”, “Tristeza pé no chão”, “Turma do funil” e “Mamãe eu quero”, quase uma saudação ao início da maior festa brasileira, resgatando os anos 1950, 1960 e 1970.

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A banda foi puxada por mais um trio cheio de foliões, seguido de uma kombi com as figuras oficiais do bloco: Mr. Bean; a drag de nacionalidade argentina, Isabelita dos Patins; e o Palhaço Trombetinha. Segundo as irmãs Liliane e Elaine Gonzagas, mosqueteiras inspiradas na novela “Deus salve o rei”, neste ano, Zé Kodak passa de “general” da Banda, para “marechal”. Ele desfilou em um pequeno carro alegórico, junto à musa Elizabeth Ank, vestindo a camisa 2018 e um chapéu de seu cargo carnavalesco dourado brilhante.

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Alexandre Menigatti e Adriene Orsay

 

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De acordo com um dos organizadores da banda, a estimativa era de que cerca de quatro mil pessoas estavam no bloco quando passava em frente ao Santa Cruz Shopping.

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Fantasias ilusionistas dois em um

Melk Lessa, 61 anos, e Cor Jesus Miranda, 64, chamaram a atenção em meio à Banda Daki. Eram dois foliões que pareciam quatro. Junto ao Melk, até de perto ficava a dúvida se era uma pessoa ou um boneco fantasiado. Ele se vestia de um monstro carregando um homem esquartejado. “A fantasia eu fiz buscando referências na internet. Eu quis vir com essa para chamar a atenção e sair do lugar comum. Tem muita fantasia parecida”, diz Melk, que frequenta o bloco há mais de 30 anos. “A violência diminuiu, mas o pessoal também. Mas quanto mais vazios e sem violência, tá valendo”, completa.
Cor Jesus é folião que já passou muitos carnavais em Recife. Ele se fantasiou de “o morto carregando o vivo”. “Essa ideia eu tirei de uma vez que eu brinquei em Olinda. Morei em Recife muitos anos, e essa (fantasia) quando eu vi, gostei muito e repliquei em Juiz de Fora. Carnaval de rua é muito 10, é descontraído, e estão todos extravasando alegria e esquecendo os problemas do dia-a-dia”.

Américo Teixeira, com seus 80 anos, estava sendo fotografado por todos. Carregado de uma arma de fogo de papel, imitando uma espingarda (soltando papéis coloridos), ele vinha junto de um mico leão dourado, com um cartaz escrito: “Socorro os burros estão matando a minha família”, fazendo referência à epidemia de febre amarela e em defesa da vida dos macacos.

Anualmente, renovando seus votos, o famoso casal de super heroína e super herói da Banda Daki, Adriene Orsay, 45, e Alexandre Menigatti, 47, elegem o carnaval como momento para comemorarem juntos a relação que começou há 15 anos. “Somos super-heróis de nós mesmos. Eu, há três anos, tive um câncer e, seis meses depois, já estava ganhando a minha primeira corrida. Ele, há quatro meses, fraturou o cotovelo, ficou internado, e logo estava no Xterra mountain bike. Queremos passar essa mensagem de sermos heróis todos os dias”, disse o casal de Mulher Gato e Batman.

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Referências à negritude brasileira

O momento da chegada da realeza do carnaval foi como se os foliões fossem abrindo o caminho no Largo da Riachuelo para que pudessem andar e cumprimentar o povo. Muito brilho na indumentária dos três, principalmente da Rainha do Carnaval, Gracyele Rocha, 29. A princesa Deysi Alves, 26, explica a representatividade negra que os três querem passar com seus trajes assinados pelo Império Atelier, sob responsabilidade de Marcelo Portela. “O estilista conseguiu juntar nossos pedidos de fazermos uma homenagem. Somos negros, descendentes diretos de africanos e pensamos no tema afro. Queremos resgatar nossas ancestralidades, por isso, os dentes de marfim e outras referências remetendo à nossa negritude”.

Segundo informações do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), o desfile do Banda Daki terminou por volta das 16h, na altura da Rua Espírito Santo, sem registros de ocorrências, tendo transcorrido dentro da normalidade.

 

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