Motoristas de aplicativo realizaram, na tarde deste sábado (9), uma manifestação depois da morte de Edson Fernandes Carvalho, de 21 anos, atingido por um tiro na cabeça durante uma viagem que passava pelo Bairro Santos Anjos, na Zona Sudeste. A estimativa da Associação dos Motoristas de Aplicativos (Amoaplic) é de que mais de 500 veículos tenham participado da carreata, que saiu da Avenida Brasil, da altura do antigo Terreirão do Samba, até o Cemitério Nossa Senhora das Dores, no Grama, onde o corpo foi sepultado às 17h. Durante o trajeto, que saiu da Avenida Brasil, pegou a Avenida Itamar Franco e em seguida, a Rio Branco, em direção ao Grama, houve retenção em várias das vias centrais.
Durante a manifestação, que teve ampla adesão, mesmo na tarde chuvosa de sábado, motoristas e motociclistas seguiram por vias como Avenida Brasil e Itamar Franco. Com dizeres de luto nos vidros dos automóveis e com fitas pretas afixadas nos veículos, o objetivo dos condutores foi chamar a atenção para a falta de segurança enfrentada pela categoria. “Precisou acontecer algo grave para que vissem o tamanho da insegurança que vivemos, e que nos uníssemos como classe. Felizmente, nos organizamos rapidamente via redes sociais para realizar este ato, que não é só pela segurança da gente, mas dos passageiros também”, diz José Otavio Machado, motorista da Uber e da 99. “Vim prestar minha solidariedade à família e me juntar ao coro para pedir providências das autoridades para segurança. A impunidade cria reincidência, e todo mundo perde. Não queremos deixar de atender região alguma da cidade, mas precisamos nos proteger”, completa Júlio Cesar da Silva, que também trabalha utilizando os dois aplicativos.
Para Júlia Cesário de Melo, de 71 anos, as mulheres ficam ainda mais expostas aos perigos. “Não tem policiamento de madrugada, ficamos completamente vulneráveis, e isso eu digo no Centro. Nas periferias, então, é pior ainda. As mulheres ficam ainda muito mais expostas, tem que tomar muito mais cuidados. Eu nunca tive problemas, nunca recusei levar passageiros em qualquer bairro, mas tomo várias precauções. Se sinto que estou insegura, depois que concluo a corrida, desligo o aplicativo e só religo quando sinto que não corro risco. Sou carioca, aprendi a tomar certos cuidados. Mas aqui a gente não esperava que isso acontecesse, só quando chega perto de nós é que tomamos um choque de realidade.”
Emocionado, o presidente da Amoaplic, Júlio César Peixe, afirmou que o crime é o extremo do medo que os motoristas vivem diariamente. “Todo mundo perde com essa falta de segurança. Imagina a população das comunidades não ter acesso a um carro de aplicativo de madrugada, para ir a um hospital ou para ir trabalhar. Fora que em crimes como este, o risco é para todos, motoristas e passageiros. A importância desta manifestação é chamar atenção da sociedade para o fato de que precisamos estar lado a lado. Estamos muito tristes e indignados com esse crime, que levou um menino de 21 anos, deixou pai e mãe arrasados, não podemos aceitar isso. Precisamos de segurança, todos nós, a cidade está perigosa e é preciso fazer algo a respeito”.