Até a última semana, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) contabilizou dois casos confirmados de sarampo em Juiz de Fora, além de outras duas suspeitas, que seguem em investigação. As ocorrências da doença na cidade têm levado a população a procurar as salas de vacina, especialmente nas unidades de saúde centrais, segundo a pasta. Na manhã desta segunda-feira (9), por exemplo, a Tribuna registrou fila no PAM-Marechal. A orientação da Saúde é, justamente, a busca pela imunização, devido aos riscos causados pela doença, antes considerada eliminada no continente americano pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Conforme reportagem publicada pela Tribuna na última quarta-feira, Juiz de Fora não registrava ocorrência da doença há, pelo menos, 18 anos. Em setembro de 2016, a OMS declarou o sarampo como eliminado na região das Américas, considerada a primeira no mundo livre da doença. Segundo a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental (DVEA) da pasta, Cecília Kosmann, dada a situação atual, a pasta aconselha que a população procure a vacinação. “Como já havíamos eliminado o sarampo em 2016 no Brasil, qualquer caso é importante, porque é uma doença que não deveríamos ter. Nós temos porque algumas regiões estavam com baixa cobertura vacinal, especialmente em adultos, e isso acaba trazendo o retorno do vírus. Nossa orientação é que todo mundo procure uma unidade de saúde com o seu cartão. Se não tiver o cartão, vá assim mesmo, para conversar com o profissional de saúde, que vai orientar para saber se realmente precisa ou não tomar vacina.”
A medida é necessária porque sarampo é uma doença imunoprevenível, ou seja, a vacinação confere imunidade para toda a vida, desde que a pessoa siga o esquema correto de imunização. “O sarampo é uma doença séria. Nós tivemos caso de óbito em São Paulo, de um homem de 42 anos, e duas crianças que ainda não tinham a idade para tomar a vacina. Existem vários grupos de risco do sarampo, que também é uma doença que pode deixar sequelas neurológicas graves, como surdez permanente.”
Duas doses
Ao longo do histórico do Programa Nacional de Imunização, foram disponibilizadas vacinas contra o sarampo com diferentes nomes, como tríplice viral, dupla viral, anti-sarampo, anti-rubéola e MMR. Para garantir total imunização ao longo da vida, são necessárias duas doses da vacina. “As pessoas podem olhar seu cartão e verificar se têm as doses, mas quem tem o olhar treinado para isso é o enfermeiro”, explica Cecília. “Ela é uma vacina seletiva, nem todo mundo vai precisar tomar. Mas muitas pessoas vão, então é importante passar por essa avaliação.”
O cartão de vacinação é um ponto chave no momento de se imunizar. Segundo a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica, há uma questão cultural no Brasil em que a população não possui o hábito de guardar o documento. “Quando você não tem esse cartão, você não sabe a sua situação vacinal, se está com o esquema completo ou quando precisa tomar os reforços da vida adulta”, explica. “Além de você desconhecer a sua situação vacinal, você pode estar tomando vacinas desnecessárias. O quantitativo de qualquer vacina do município vem do Governo federal, que passa pelo estadual, e aí então para o Município. Isso pode, em algum momento, vir a causar um desabastecimento, porque você está usando uma vacina que iria para outra pessoa que precisa.”
Esquema vacinal
Em crianças, a primeira dose da vacina contra o sarampo deve ser administrada aos 12 meses de idade, e a segunda, aos 15 meses. Adolescentes e adultos com até 29 anos também necessitam de duas doses. Caso já tenha tomado uma, o grupo deve procurar salas de vacinação para tomar a segunda. Se não tiver nenhuma, duas doses devem ser administradas em um intervalo de 30 dias. Já pessoas entre 30 e 49 anos tomam apenas uma dose. Com a conclusão do esquema vacinal, a conversão da dose em anticorpos leva entre sete a 15 dias.
Pessoas acima de 49 anos não precisam ser imunizadas contra o sarampo, já que, de acordo com a gerente do DVEA, Cecília Kosmann, o Ministério da Saúde considera que “em algum momento da vida, essas pessoas já tiveram contato com o vírus do sarampo selvagem”. “Quando eram crianças, naquela época, tinha muito sarampo, catapora, entre outras doenças que conhecemos como ‘doenças da infância’. Essa recomendação, em algum momento, pode mudar, porque nós temos revisões ao longo do tempo, mas, no momento, são consideradas pessoas imunizadas.”
Estoque
Em Juiz de Fora, a imunização contra o sarampo está disponível nas 63 UBSs, no Departamento de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente e na sala de vacinas do Posto de Atendimento Médico (PAM-Marechal, 3º andar). De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a pasta distribuiu doses, na última semana, para unidades que acusaram fim do estoque. Desta forma, todas estão abastecidas. Além disso, o Departamento de Vigilância Epidemiológica, responsável pelo armazenamento das vacinas, contava com 4 mil doses em estoque até esta segunda-feira.
Outras doses foram solicitadas pela pasta à Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG). À Tribuna, a SES-MG informou, em nota, que recebeu 471.340 mil doses da tríplice viral em agosto, referente ao mês de setembro, sendo que 350 mil são para vacinação de rotina e o restante, 121.340 mil, para intensificação vacinal nas crianças de 6 a 11 meses. “Essas vacinas foram distribuídas às Unidades Regionais de Saúde que, por sua vez, direcionaram aos municípios de sua área de atuação. Está previsto o recebimento do quantitativo de 350 mil doses, a partir do dia 20 de setembro, para a rotina do mês de outubro. O Ministério da Saúde, porém, ainda não informou sobre o quantitativo extra para intensificação vacinal nas crianças de 6 a 11 meses referente ao mês de outubro.”