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Moradores relatam abandono e insegurança na Praça Padre Léo

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O projeto da Praça Padre Léo, entre as ruas Eugênio Fontainha e Professor Francisco Faria, no Bairro Manoel Honório, Zona Leste de Juiz de Fora, que não teve êxito por problemas estruturais, continua trazendo complicações para a população 13 anos após sua idealização. O que era para ter sido um espaço de convivência se transformou em um problema de segurança pública e de saúde para os moradores da região, já que o terreno virou um ponto para usuários de drogas e de descarte de lixo.

A Tribuna esteve na região para conversar com moradores e comerciantes e há um consenso sobre a sensação de abandono do local. Para quem mora ou possui estabelecimento na Rua Eugênio Fontainha, a preocupação ocorre, em especial, pela segurança. A população relata que, durante todo o dia, diversos usuários de drogas visitam o local. Com isso, a sensação de insegurança é grande, especialmente pelo risco de assalto.

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Terreno se tornou ponto de descarte de lixo (Foto: Felipe Couri)

Além disso, o lixo e o mato alto que se acumulam no terreno atraem animais peçonhentos e insetos. Nos últimos meses, diversos moradores e trabalhadores da região foram diagnosticados com dengue, por exemplo, conforme relatado. A informação é que, eventualmente, o terreno passa por limpeza e capina, porém, a ordenação nunca se mantém por muito tempo.

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Os problemas se estendem para quem mora na Rua Américo Lobo, paralela à Eugênio Fontainha. Isto porque diversos prédios na via são voltados para o terreno. Além de, diariamente, os moradores presenciarem cenas de usuários de drogas, muitas das pessoas que frequentam o terreno realizam a queima de fios de cobre. A fumaça e o forte cheiro resultantes da ação, neste caso, acabam afetando, inclusive, os apartamentos dos lados frontais na rua.

Vivendo há mais de dez anos no local, Marco Resende é um dos moradores cujo fundo do apartamento está voltado para o terreno. Ele relata que, ao longo dos anos, não houve mudanças positivas. Apesar do espaço sempre passar por limpeza, há uma preocupação de o mesmo atrair cada vez mais usuários de drogas. Como observado pelo morador, a geografia do terreno, que afundou devido ao Córrego Matirumbide, deixa o local “propício” para esse tipo de situação, considerando que o ponto onde as pessoas costumam usar drogas fica relativamente oculto das vistas de quem passa pela rua.

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Obras da praça se iniciaram em 2011

A obra da Praça Padre Léo custou R$ 122 mil aos cofres municipais e começou a ser feita em março de 2011. O equipamento teria pista de skate, playground, mesa de jogos e jardins. Em novembro daquele ano, os moradores começaram a utilizar o espaço, mesmo sem estar pronto. Porém, em dezembro, o trabalho ainda inacabado começou a apresentar problemas, como rachaduras nos muros da quadra de areia. Além disso, o piso do local estava visivelmente afundado. Por causa das falhas estruturais e com a abertura de enormes buracos na praça, o uso pela população foi proibido, e o local, cercado por tapumes, destruídos em pouco tempo.

Desde aquela época, o espaço já estava apresentando degradações. Reportagens da Tribuna publicadas na ocasião relatam que a quadra de areia se transformou em um grande buraco, onde um sofá velho podia ser visto. As grades de proteção, os bancos de concreto e a área gramada deixaram de existir. Além destes problemas, o cheiro forte de fezes e urina, misturado a roupas espalhadas pelo chão, era flagrante em toda a área. 

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As falhas teriam começado após o rompimento de uma galeria, construída com tubos armcos para canalizar parte do Córrego Matirumbide, que passa sob o terreno. A Secretaria de Obras havia informado que a recuperação custaria cerca de R$ 500 mil, entretanto, não havia recurso disponível na época. A população reivindica, desde então, uma solução, mas nunca foi atendida.

Uma moradora, que preferiu ter a identidade preservada, mora há mais de 30 anos próximo ao terreno e acompanhou todo o processo envolvendo o projeto da praça Padre Léo. A situação causa descontentamento pelo abandono, mas também estresse por conta das pessoas que frequentam o local para usar drogas. Ela afirma que já teve, por exemplo, sua fiação furtada. A moradora acredita que uma praça, no caso, não seria a solução para os problemas, considerando que, mesmo na época em que o equipamento estava sendo construído, já era utilizado por usuários de drogas. “Eu chamo de ‘elefante branco’, porque não é possível que não existe uma engenharia que não resolva aquilo”, diz.

 

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Pessoas aproveitam parte rebaixada à beira do córrego para fazer uso de entorpecentes (Foto: Felipe Couri)

Como lembrado pela moradora, quando a estrutura da praça afundou, a Administração municipal na época chegou a colocar tapumes no local para isolar a área e, depois de um tempo, cercas. Entretanto, nenhuma das medidas impediu a degradação do espaço e acesso por usuários de drogas. Além disso, ela cita que teria ocorrido uma desvalorização dos imóveis na região.

Em nota encaminhada à Tribuna, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) explicou que, de acordo com o código ambiental, são proibidas novas canalizações em córregos, desta forma, não seria possível a construção de uma praça na área.

“No momento, está em andamento um projeto para cercamento e urbanização do local, que é alvo de limpezas constantes, além de ter recebido projeto de paisagismo recente. Infelizmente, casos de descarte irregular de lixo e entulho são frequentes. Os fiscais de posturas intensificaram a fiscalização”, diz o Executivo.

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Como destacado pela PJF, a população pode realizar denúncias pelo telefone (32) 3690-7984.

A Tribuna também questionou a Polícia Militar sobre a segurança da região, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

 

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