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Atentado contra a vida de Bolsonaro completa um ano

facada bolsonaro by raysa leite
Bolsonaro foi atingido por volta das 15h, na esquina da Rua Halfeld com a Batista de Oliveira, região central de JF (Foto: Raysa Leite)
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Há 365 dias, um fato pinçou Juiz de Fora de seu cotidiano e colocou a cidade nas manchetes de jornais de todo o mundo. Um ato de violência urbana e insanidade em um município que, conforme levantamentos da Tribuna, registrou 90 mortes violentas em 2018. Mas aquele foi um fato distinto. Não só pela celeridade no atendimento, que foi capaz de salvar uma vida humana, e também por se tratar de um atentado contra a democracia. A facada desferida por Adelio Bispo de Oliveira naquele 6 de setembro de 2018 contra o abdome do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) não queria apenas ferir de morte um homem, mas silenciar uma ideia que, por razões diversas, encontrava coro em setores da sociedade. Um ano depois, Adelio está em um presídio federal em Campo Grande. E Bolsonaro, sentado na principal cadeira política do país. Para alguns, o encontro de algoz e vítima ajudou a selar as eleições de 2018 e os rumos do país nos próximos anos.

A história, porém, poderia ter sido muito diferente. Como uma borboleta que bate as asas de um lado do mundo e contribui para a formação de um tufão no outro extremo, uma decisão de cunho estritamente pessoal do presidente da Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora, Aloísio Vasconcelos, fez com que a campanha de Jair Bolsonaro cancelasse uma visita inicialmente prevista para o início de agosto. “Ele tinha o compromisso de vir aqui no dia 6 de agosto, para lançar minha candidatura ao Senado. Até então, eu tinha este compromisso de ser candidato ao Senado junto com ele. Inclusive, ele visitaria seis cidades do interior de Minas comigo. Acontece que minha família não permitiu que fosse candidato. Aí, declinei do convite”, conta Aloísio.

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Presidente da Associação Comercial, Aloísio Vasconcelos, foi um dos principais articuladores da visita de Bolsonaro à cidade. Ele relembra que a expectativa era a de que o então candidato discursasse na sacada da sede da entidade, na Praça da Estação (Foto: Felipe Couri)

O recuo, no entanto, não reduziu o ímpeto de Vasconcellos, que presidia o núcleo local do PSL à época, de trazer seu candidato à Presidência a Juiz de Fora. “Saiu na imprensa no início de agosto, que Bolsonaro não viria mais pela minha desistência. Foi uma situação ruim. Parecia que ele viria a Juiz de Fora apenas para lançar minha candidatura”, rememora. A partir daí, o empresário manteve conversas diretamente com o então presidente do PSL em Minas, o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Pesou para a confirmação da agenda o fato de a Associação Comercial e Empresarial ter fechado questão no apoio a um candidato à Presidência pela primeira vez em seus 122 anos de existência. A nova data escolhida dentro de um calendário apertado – e talvez pelo destino – colocaram Bolsonaro e Adelio frente à frente na esquina das ruas Halfeld e Batista de Oliveira, agora, figuradamente, manchada de sangue pelo resto da história.

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Presidente discursaria na Praça da Estação

A comitiva do presidente Jair Bolsonaro chegou em Juiz de Fora pelo Bairro Salvaterra por volta das 10h30. O primeiro compromisso oficial do então candidato, intermediado pela Associação Comercial e Empresarial, foi agendado para a Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer de Juiz de Fora (Ascomcer), às 11h. “Ele havia falado que estava muito cansado da campanha. Uma hora depois, recebi uma mensagem no WhatsApp, dizendo que o Bolsonaro havia sido esfaqueado. No primeiro momento, não acreditamos”, lembra a presidente da Ascomcer, Alessandra Sampaio Faria de Souza.

A visita à unidade de saúde não foi totalmente tranquila. Logo ao chegar, Bolsonaro fez um quebra-queixo com as equipes de imprensa presentes no local, sem fugir de falas polêmicas, uma característica pessoal. Comentou, na ocasião, a própria fala de que pretendia “fuzilar a petralhada”. Minimizou a declaração em tom irônico. “Fiz o curso do Instituto Universal Brasileiro quando garoto e sei que foi uma figura de linguagem.” De lá, seguiu para um almoço com empresários no Trade Hotel, onde discursou para os presentes e iniciou uma entrevista coletiva aparentemente irritado com os questionamentos de uma repórter. “A garantia que dei foi de que teríamos 300 empresários no Trade. Tínhamos 728 presentes”, lembra Aloísio Vasconcelos.

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Do almoço empresarial, Bolsonaro seguiu para o Parque Halfeld. Ali, começaram uma série de imprevistos que colaborou para que o destino de Adelio e o do futuro presidente se cruzassem. “A viatura chegou e abriu a porta. Me emocionei muito. O Calçadão foi contagiado de uma energia extraordinária. Ele (Bolsonaro) se emocionou no momento. Subiu no carro e começou a acenar”, conta o superintende de segurança privada, Carlos Eduardo Boza Kelmer, que integrou uma equipe de voluntários que davam apoio à Polícia Federal na segurança do então candidato.

Até aí, as coisas correram conforme o roteiro previamente acordado. Esses eram os planos, um aceno à multidão, antes de seguir para a sede da Associação Comercial e Empresarial, onde se reuniria novamente com empresários locais para conversas mais reservadas e, ao fim da tarde, discursaria de um microfone sem fio conectado remotamente a um caminhão de som da sacada da sede antiga da associação, na Praça da Estação, de onde já falaram figuras históricas como o ex-presidente Itamar Franco e o jornalista, jurista e diplomata Rui Barbosa. “Ele quis ir a pé. Pediram muita atenção. Havia muita dificuldade de conduzi-lo. Mas ele queria ter contato com a população”, lembra Eduardo Boza. Depois daquela decisão pessoal de Bolsonaro, contrariando o plano de segurança, a história da esquina das ruas Halfeld e Batista de Oliveira nunca mais seria a mesma. “A primeira reação foi chorar. Chorei copiosamente nesta mesa preta. Ia ser o maior evento da história da Associação Comercial”, lembra Aloísio Vasconcelos.

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Seguranças voluntários temiam ataques vindos de prédios

A decisão intempestiva do então candidato à Presidência fez com que os responsáveis pela segurança redobrassem a atenção. Militar da reserva, Hugo Ribeiro foi um dos responsáveis por coordenar a equipe de voluntários que apoiava os agentes da Polícia Federal (PF). Ele lembra que, com a caminhada pela Rua Halfeld, a principal preocupação era de um ataque vindo dos prédios que sombreiam o Calçadão. Objetos arremessados contra o candidato, por exemplo. “Nós, que conhecemos Juiz de Fora, achamos arriscado. Nossa preocupação era pelo alto. Não pelo chão. Estávamos preocupados. A ideia de início era de que a PF fizesse a segurança do Bolsonaro, e os voluntários ficassem em um raio de cinco metros. Pensei: ‘cinco metros, não rola’.”

Hugo Ribeiro (à esquerda) e Eduardo Boza integraram a equipe de voluntários que auxiliou a segurança de Bolsonaro. Os dois ajudaram a conter Adelio após a facada (Foto: Felipe Couri)

Assim, parte dos voluntários se aproximou dos agentes da Polícia Federal. “A preocupação era com o alto. Qualquer sinal de perigo, abafaríamos o ‘vip’”, lembra Hugo, em alusão à Bolsonaro. A proximidade do ‘vip’ fez com que o militar da reserva observasse a história ser escrita à frente dos próprios olhos. “Foi aí que cheguei próximo da célula um (formada pelos agentes federais). Da Funalfa até a facada, fiquei bem próximo. Assim que ele começou a atravessar a (Avenida) Rio Branco, o Adelio iniciou sua aproximação. Até a facada, eu percebi três vezes”, conta.

“Eu vi alguma coisa embrulhada no jornal. Tanto é que bato boca com Adelio antes da facada, perguntando o que ele queria. Ele disse que queria tirar uma foto. Eu interpelei: tirar foto com jornal? Mas nunca passou pela minha cabeça que poderia ser uma faca. Tanto é que tinha vários policiais federais muito mais preparados do que eu e ninguém percebeu. Algumas imagens mostram eu afastando o Adelio.” Além de observar de perto o desenrolar dos fatos, Hugo, de certa forma, anteviu a história. “Olha minha expressão em relação ao Adelio. Olha como eu já estava atento a ele”, relata, um ano depois, ao olhar as fotos de momentos que antecederam a facada, tiradas pelo fotógrafo do Tribuna, Felipe Couri.

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Hugo Ribeiro e Carlos Eduardo Boza Kelmer estavam muito próximos de Jair Bolsonaro no momento da facada. Os dois chegaram, inclusive, a atuar na contenção e na proteção de Adelio Bispo de Oliveira após a consumação da facada. “Quando acontece a facada, sou o primeiro a virar e pegar no pescoço dele. Daí, todos já chegam e jogam ele para o chão. Tinha muito gente batendo nele. Saí rápido, pois comecei a tomar chutes. As pessoas não queriam saber quem estava ali. Queriam bater”, lembra Hugo. “Vou atrás dele, e ele joga a faca no chão. Eu tentei pegar a faca. Quando percebemos que ele estava apanhando muito, nós mesmos começamos a defendê-lo.”

Adelio tentou duas vezes antes de consumar atentado

Superintendente em uma empresa de segurança privada, Eduardo Boza conta que também havia desconfiado das atitudes de Adelio, que, segundo ele, tentava se passar por “alcoolizado”. “O Adélio tentou três vezes se aproximar dele. Eu tive contato duas vezes, pedindo para tirar uma selfie. Tive que retirar ele em um dado momento, pedindo para colaborar. Ele disse que queria ajudar.” Segundo Eduardo Boza, o autor de facada se aproveitou de um breve hiato de desatenção, pouco após Bolsonaro ser colocado no chão, antes de ressurgir em meio à multidão carregado por um apoiador. “Quando colocaram ele novamente no ombro, o Adelio se aproveitou.”

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Foto: Felipe Couri

Após a facada, a indignação tomou conta de boa parte dos presentes. Adelio estava exposto ao linchamento público. Literalmente. “Tapas, chutes, pontapés….”, lembra Eduardo Boza, que ajudou a imobilizar, proteger e a algemar o autor da facada. “Fizemos um cordão para proteger. Foi quando o cabo Cleines (policial militar licenciado à época para tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados) se apresentou. Passei uma algema para ele. Eu já havia algemado uma das mãos”, conta. A partir daí, Adelio foi levado para um prédio próximo à esquina das ruas Halfeld e Batista de Oliveira. De lá, saiu sob a custódia da Polícia Federal e, dois dias depois, transferido para o Presídio Federal de Campo Grande. Em junho deste ano, o juiz federal Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora, aplicou a figura jurídica da “absolvição imprópria”, na qual uma pessoa não pode ser condenada. Por problemas mentais, Adelio foi considerado inimputável e sentenciado a prisão preventiva em internação por tempo indeterminado. Nem o Ministério Público Federal, nem os advogados do presidente Jair Bolsonaro recorreram da decisão em primeira instância.

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Médico relembra operação que salvou a vida do presidente

A vida de Jair Bolsonaro esteve por um triz. Até hoje, o presidente enfrenta complicações e passará por uma nova cirurgia neste domingo (8), para corrigir uma hérnia surgida no local das intervenções anteriores. Há um ano, o então candidato foi salvo pela celeridade da equipe da Polícia Federal e do atendimento da equipe médica da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. O golpe atravessou a parede abdominal – pele, gordura e musculatura – para chegar no interior do abdome. “Não foi um grande ferida. Um ferimento de cerca de três centímetros e retilíneo. A veia lesada, a menos de um centímetro da veia mesentérica superior, é uma veia muito profunda no abdome. Ele poderia ter perdido todo o volume sanguíneo por esta veia e ainda assim não haveria exteriorização de sangramento”, lembra o médico Luiz Borsato, responsável pela equipe de cirurgia da Santa Casa naquele 6 de setembro de 2018.

Luiz Borsato: “É difícil precisar em quantos minutos ele poderia perder a vida” (Foto: Olavo Prazeres)

Borsato conta que só ficou sabendo do atentado sofrido pelo presidente quando Bolsonaro já havia dado entrada na Santa Casa. “Fui avisado, pelos relatos dos colegas, que ele chegou com a pressão sanguínea muito baixa. Daí, foi levado para uma tomografia de urgência no abdome. Neste momento, chegamos para assumir os trabalhos. Já estava sonolento. Não estava com o nível de consciência adequado. Estava em estado de choque e só relatava que estava sentindo dor. Só dor.” O fato do paciente ser um candidato à Presidência da República não alterou a postura profissional do cirurgião. “Já tínhamos realizado duas cirurgias naquele dia. Estávamos encerrando os trabalhos do cotidiano. A notícia foi: ele foi vítima de um traumatismo por arma branca e está sendo levado para tomografia”, afirmou o médico, que reforçou que a profissão não atende a “políticos, médicos ou professores, mas pessoas”.

Segundo o médico, nestes casos, a primeira hora de atendimento é de suma importância para a sobrevivência da vítima. Após os primeiros socorros, Bolsonaro foi encaminhado para um exame tomográfico, que constatou a necessidade de uma cirurgia imediata. “O próximo passo foi abordar a família. Conversei com os filhos e outras pessoas que o acompanhavam e expliquei que ele precisava passar por uma cirurgia.” Vereador no Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC) foi quem teve o primeiro contato presencial com a equipe médica. O filho acompanhava o pai na visita a Juiz de Fora.

Ainda de acordo com o médico, em tais situações, a proporção da lesão só é conhecida durante a cirurgia. “Só há exatidão de qual vaso sanguíneo foi lesado na hora da cirurgia. A tomografia não mostra isto. Ela mostra o acúmulo de líquido, que ali era moderado. Na vigência de um traumatismo, isto significa sangue e a necessidade de uma cirurgia de urgência. Quando abre-se o abdome, vê aquela quantidade de sangue e qual vaso foi lesado: é um momento de tensão.”

Luiz Borsato reitera: a vida de Bolsonaro se equilibrou em um fio. “É a hemorragia que coloca o paciente em risco de vida imediato. As lesões intestinais identificadas colocam em risco tardiamente, por infecção, por falta de cicatrização e por vazamento de secreção intestinal.” De fala técnica, o cirurgião evita precisar o quanto a celeridade no socorro foi relevante. “É difícil precisar em quantos minutos ele poderia perder a vida. Dependendo da lesão, não dá tempo do hospital e a vítima morre no local ou no deslocamento. Não foi uma lesão desta magnitude. Foi uma lesão que permitiu o deslocamento, o atendimento inicial, a realização de um exame de imagem e uma cirurgia para corrigir. A primeira hora após o traumatismo é uma hora muito importante.”

Para além da cirurgia, Borsato e sua equipe médica integraram uma junta que avaliou a possibilidade de transferência de Bolsonaro da Santa Casa para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, que, de fato, aconteceu no dia 7 de setembro de 2018. Para além do contato presencial, Luiz Borsato manteve-se informado dos próximos passos do tratamento de Bolsonaro, que, inclusive, precisou passar por um segundo procedimento cirúrgico para a retirada de aderências abdominais. As informações vinham por meio de ligações telefônicas com o médico Antônio Luiz Macedo, que, até hoje, acompanha o presidente. Em um destes contatos, Luiz Borsato conversou com Bolsonaro. “Ele ainda não era presidente. Só ouvi palavras de agradecimento. Ele disse também que oportunamente retornaria à cidade e gostaria de agradecer pessoalmente.”

Cirurgião comenta insinuações sobre a veracidade da facada

Reservado, o médico Luiz Borsato evita as discussões políticas que permeiam o caso. Reserva-se a comentar os aspectos relacionados à saúde do presidente. Ao comentar a cirurgia pela qual Bolsonaro passará no próximo domingo, pontua que é um procedimento de risco muito menor que os anteriores. “Esta hérnia significa que a musculatura enfraqueceu na região da cicatriz. Isto é, até certo ponto, esperado. Foram três intervenções prévias em que a musculatura foi aberta no mesmo lugar. Qualquer cirurgia no abdome, o paciente corre o risco de desenvolver uma hérnia. A recuperação será mais rápida. As restrições que ele vai ter por um determinado período são relacionadas a esforço físico.”

Instado pela Tribuna, fez uma avaliação, uma vez mais calcada em aspectos técnicos, sobre as especulações de que o atentado à faca sofrido por Bolsonaro não teria ocorrido e teria sido uma manobra para alavancar a candidatura do atual presidente. “Não me sinto questionado. Em momento algum fui questionado pela comunidade médica. É normal as pessoas fazerem este tipo de questionamento. Isto não está ligado à parte médica, mas à parte política da coisa. Não é uma coisa que me afeta ou que me perguntam.”

Santa Casa aguarda doação

Após ter sua vida salva pela equipe da Santa Casa de Juiz de Fora, Bolsonaro sinalizou a intenção de doar as sobras de sua campanha à Presidência para o hospital juiz-forano. No entanto, resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impede tal destinação de recursos. Depois disso, o presidente sinalizou que iria destinar R$ 2 milhões por meio de emendas parlamentares, relativas a seu mandato como deputado federal, encerrado no ano passado. No final de agosto, vários veículos de mídia nacional noticiaram que as verbas ainda não foram liberadas. Segundo informações do jornal “O Tempo”, “de acordo com dados do Portal da Transparência, o valor foi empenhado em 4 de julho, mas ainda não há prazo para liquidação e pagamento.”

A Santa Casa se posicionou sobre o assunto por meio de nota encaminhada à Tribuna. “A Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora ainda não recebeu nenhuma das emendas impositivas destinadas a nós feitas por parlamentares em 2018. Acreditamos que até o fim de 2019 elas cheguem. Baseados em nossas experiências anteriores, os prazos estão dentro do esperado.” A reportagem buscou ainda um comentário do Governo federal sobre o assunto, mas não havia obtido resposta até a edição deste texto

Culto ecumênico
Para esta sexta-feira (6), é aguardada a celebração de um culto ecumênico em ação de graças pela vida de Bolsonaro. O evento está agendado para 18h, nas proximidades do cruzamento entre as ruas Halfeld e Batista de Oliveira, região onde o então presidenciável foi esfaqueado.
Em postagem compartilhada nas redes sociais, o movimento Direita Minas Juiz de Fora informava, na noite de quinta, a presença do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL).

Autor de livro não considera facada determinante para vitória de Bolsonaro

Um dos autores do livro “A eleição disruptiva: porque Bolsonaro venceu”, o cientista político e consultor de marketing eleitoral Juliano Corbelini considera que o atentado teve peso eleitoral na vitória de Jair Bolsonaro no pleito realizado em outubro passado. Mas, para ele, a visita a Juiz de Fora e todos os seus desdobramentos não tiveram, de fato, influência definitiva no sufrágio que levou o deputado federal à Presidência da República. “Foi importante, mas não foi determinante para sua vitória. Aspectos estruturais de sua vitória já estavam colocados. Ele já vinha em um processo de crescimento contínuo antes do processo.”

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Bolsonaro em evento de campanha no Parque Halfeld em Juiz de Fora (Foto: Felipe Couri)

Para Corbelini, a vitória de Bolsonaro se dá em um contexto que soma fatores diversos, tais como “uma crise geral da política nacional, conjugada com uma crise econômica profunda, que gerou um grande sentimento de indignação”. “O que elege o Bolsonaro foi a crise profunda da imagem do sistema político nacional, por conta dos reflexos da Lava Jato. A preocupação com questões de segurança e o surgimento de uma nova plataforma de comunicação, que era o WhatsApp. As condições para a eleição do Bolsonaro já vêm se construindo desde 2014. Desde a radicalização que tivemos na reta final daquela campanha, que atravessou todo o Governo Dilma e o Governo Temer. A campanha de 2018 foi só um coroamento.”

Ainda segundo o cientista político, a despeito das condições de saúde, a facada trouxe benefícios eleitorais para Jair Bolsonaro, mas não que isto tenho sido de fato determinante para sua vitória. “Primeiro, porque constrangeu os ataques que vinham sendo feitos à campanha de Bolsonaro, principalmente partindo de Geraldo Alckmin (ex-governador de São Paulo, PSDB). Segundo, porque permitiu a Bolsonaro a sair da arena do debate e se proteger em um universo que ele tem melhor desempenho, que é a mídia digital. Terceiro, porque garantiu a ele uma grande mídia espontânea, que permitiu que Bolsonaro se preservasse dentro de uma redoma. Mas dizer que a comoção da facada levou à eleição do Bolsonaro, eu não diria isto. O que levou a sua eleição foi a conjuntura”, pontua.00

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