“O Dia Mundial da Água (22 de março) vai mostrar que Juiz de Fora cuida da preservação do Rio Paraibuna”. Com essas palavras, em março de 2018, o diretor-presidente da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), André Borges, celebrava a inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) União-Indústria. No entanto, a estrutura erguida no Bairro Granjas Bethel, Zona Sudeste, precisou passar por mais duas comemorações da data até ter seu funcionamento pleno. Há apenas dois meses, em junho último, a estação, enfim, iniciou as operações e oferece a base para a ampliação exponencial no percentual de esgoto tratado no município.
A oficialização do início das operações, feita pela Cesama, dá fim a sete anos de espera. A construção da estrutura, iniciada em 2013, é tida como parte essencial para a expansão do percentual de esgoto tratado em Juiz de Fora, que atualmente está na casa dos 11%. Contudo, o funcionamento foi prorrogado diversas vezes. “As obras sofreram atrasos, principalmente, por mudança nos métodos construtivos das tubulações”, explica o diretor de Desenvolvimento e Expansão da Cesama, Marcelo Mello do Amaral. Entre 2016 e 2019, 31.836,4 metros de redes de esgoto do município foram substituídos.
Alterado o projeto inicial, a estrutura operava em fase de testes desde o final de 2019, estágio em que novos problemas ocorreram, dada a complexidade da estação. “A partir de junho, a gente está em um regime regular, bombeando de forma contínua para a estação e iniciando o processo de tratamento”, conta Amaral. A previsão da companhia é de que a taxa de esgoto tratado no município chegue a 37% até o próximo dezembro e, em cerca de cinco anos, alcance percentual próximo de 90%, sendo 70% de responsabilidade apenas da ETE União-Indústria, que tem capacidade para receber 850 litros de esgoto por segundo.
Basicamente, a estação realizará a interceptação do esgoto antes que ele caia nos córregos e, por consequência, deságue no Rio Paraibuna. “Ela (ETE União-Indústria), em conjunto com a ampliação da ETE de Barbosa Lage, serão responsáveis por isso”, afirma o diretor. Para alcançar o patamar dos sonhos e permitir ao município o tratamento próximo da totalidade do esgoto, a unidade de Barbosa Lage passará por obras de ampliação. Atualmente, a Cesama ainda aguarda a finalização do processo licitatório para iniciar a intervenção.
Diversas mudanças de prazo
Foram sete anos entre o pontapé inicial nas obras e o início das operações, em junho último. Quase o mesmo número de adiamentos do início da utilização da estrutura. Em 2014, a Tribuna noticiou aporte de verba federal no projeto, com montante de R$ 3,318 milhões disponibilizado pela Agência Nacional de Águas (ANA). Naquela altura, a previsão da Cesama era ter a ETE União-Indústria funcionando no ano seguinte, em 2015.
O ano de 2015 chegou, passou, e a inauguração não ocorreu. Em 2016, a nova previsão para o início das operações foi estipulada pela Companhia para setembro daquele ano. O planejamento incluía alcançar percentual de 40% de tratamento do esgoto municipal após a inauguração. “É importante ressaltar que a cada real investido em saneamento básico, economizamos R$ 7 em saúde. Nossa expectativa é aumentar de 10% para 50% o índice de esgoto tratado na cidade e, depois, ir subindo gradativamente”, disse, na época, o então prefeito, Bruno Siqueira.
Novamente não cumprido o prazo, veio, então, o ano de 2017. Em visita do então ministro das Cidades, Bruno Araújo, em Juiz de Fora, a administração municipal projetou a inauguração e o início das operações da estação para fevereiro do ano seguinte. Naquele momento, os trabalhos estavam 90% concluídos, conforme a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
Após a inauguração, novos problemas
Apenas em 2018 a inauguração da ETE União-Indústria, enfim, ocorreu, e em data simbólica: o Dia Mundial da Água. A previsão da Cesama era ter 40% do esgoto tratado até o final daquele ano, expectativa frustrada por intercorrências nos testes operacionais.
Problemas na disponibilização de energia elétrica, falhas na rede de tubulação entre a Vila Ideal e a ETE, além de vazamentos na rede construída às margens do Rio Paraibuna, foram algumas das motivações para novos atrasos. A previsão do início das atividades, então, passou a ser para agosto de 2019, em nova estimativa frustrada.
O prazo definitivo foi estabelecido apenas no início de 2020. Em fevereiro último, matéria da Tribuna dava conta de que a Cesama planejava ter cerca de 35% do esgoto tratado no final deste ano, previsão mais modesta do que as anteriores, e em processo gradativo. O trabalho assim ocorreu pela necessidade de substituir e separar, nas ruas, os efluentes da rede de captação pluvial.
Seis meses depois, o plano é ratificado com menor grau de incerteza após a ultrapassagem das fases mais delicadas do projeto. “O nosso entendimento é de que a parte mais difícil, agora, passou”, complementa Marcelo Melo do Amaral.