A definição de uma possível paralisação por parte dos trabalhadores que atuam no sistema de transporte coletivo urbano de Juiz de Fora, bem como motoristas e cobradores, ficará para a madrugada desta segunda-feira (8). Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo Urbano (Sinttro), apenas uma das quatro empresas que integram os dois consórcios que operam na cidade, não realizou o pagamento integral dos salários aos seus funcionários.
Desta forma, o sindicato está programando uma reunião para as 3h desta segunda na entrada da garagem da Gil, empresa que realizou o depósito de apenas 40% do valor dos vencimentos.
O Sinttro informou, ainda, que as outras três empresas – Ansal, São Francisco e Tusmil – realizaram os pagamentos integrais acordados entre as partes ainda na sexta-feira, que foi o quinto dia útil do mês. O sindicato disse que, por ora, qualquer ação ou movimento de greve dependerá das deliberações feitas na reunião. Inclusive, reiterou que os trabalhadores das outras empresas irão trabalhar normalmente nesta segunda.
Entenda o impasse
Em abril, a categoria e as empresas firmaram um acordo que permite às concessionárias implementarem a redução de jornada e salários de motoristas e cobradores nos moldes da Medida Provisória 936, editada pelo Governo federal em 1º de abril, que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e definiu exceções temporárias nas relações trabalhistas de forma a enfrentar os estados de calamidade e de emergência de saúde pública decretados pela União por conta da pandemia do coronavírus. Assim, parte dos vencimentos dos profissionais tem sido quitada pelas empresas, que também recebem uma complementação feita pela União.
Enquanto as empresas têm relatado dificuldades financeiras por conta da queda do fluxo de passageiros desde o início da pandemia, a Prefeitura de Juiz de Fora trabalha para efetivar a concessão de um subsídio de R$ 3 milhões para a manutenção do sistema de transporte coletivo urbano da cidade, valores que deverão ser utilizados exclusivamente para o pagamento dos salários e benefícios trabalhistas dos cerca de 3.500 trabalhadores que atuam no sistema.
À Tribuna, o Município afirmou que trabalha nos detalhes finais para a adequação jurídica de um projeto de lei que deve ser encaminhado em breve para a Câmara, solicitando autorização para a cessão dos recursos que terão como origem o Fundo Municipal de Transporte e Trânsito, que possui regras próprias e restringe a utilização da verba a ações de mobilidade urbana.
Em compasso de espera, o Consórcio Via JF, um dos operadores do sistema em Juiz de Fora, voltou a externar, esta semana, temor com a viabilidade da manutenção do serviço após a queda no fluxo de passageiros provocada pela pandemia da Covid-19 e de medidas restritivas do Poder Público, que impedem o funcionamento de diversas atividades do setor produtivo e das aulas das redes públicas e privadas na cidade. De acordo com nota publicada pela concessionária, os prejuízos acumulados nos últimos 70 dias ultrapassam a casa de R$ 45 milhões. A Astransp ainda não se posicionou sobre o assunto.