As consequências das fortes chuvas que atingiram Juiz de Fora entre domingo (1°) e quarta-feira (4) ainda estão sendo contabilizadas pela Prefeitura de Juiz de Fora e assimiladas pelas pessoas que foram afetadas pelos alagamentos e demais problemas. No total, 20 residências foram interditadas na cidade, e as respectivas famílias ficaram desalojadas. De acordo com a Defesa Civil, nesta quinta (5) ainda houve registro de ocorrências em razão das chuvas, mas o número foi menor em relação aos dias anteriores: enquanto que na terça e na quarta foram computados 96 e 157 chamados, respectivamente, o órgão recebeu, nesta quinta, 70 chamados. Considerando os cinco primeiros dias de março, foram registradas 365 ocorrências em razão das chuvas.
Subsecretário da Defesa Civil, Jefferson Rodrigues informou que os 20 imóveis foram interditados devido a riscos de desabamentos ou por estarem próximos a áreas de risco. Com relação às ocorrências, a maioria dos casos registrados nesta quinta eram relacionados a deslizamentos. A expetativa do subsecretário é de que, nesta sexta, o setor complete as demandas de vistorias.
“Com a diminuição das chuvas, também diminuiu o número de ligações e chamados. Até esta sexta nós completaremos todas as vistorias. Estamos trabalhando com nossa capacidade máxima, de cinco equipes de vistorias, para atender os chamados”.
Com a trégua das chuvas nesta quinta, houve redução no nível do Rio Paraibuna. Às 16h, o nível da água indicava 2,75m na régua da ponte Domingos Alves Ferreira, em Santa Terezinha. Conforme a Defesa Civil, as equipes do setor continuarão de plantão, além de prosseguirem com os atendimentos externos de vistoria em toda a cidade. O telefone 199 também mantém o serviço 24 horas, para recebimento de notificações.
‘Dormi na escadaria de casa por duas noites’
As águas que adentraram o Bairro Industrial, na Zona Norte de Juiz de Fora, também recuaram, mas, na tarde desta quinta, ainda havia muita lama. A Tribuna esteve no bairro e conversou com moradores do local. O cenário era de perdas e danos materiais.
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Moradora do Bairro Industrial desde 2008, Maria Aparecida Faria é uma das pessoas que teve sua residência alagada pelas águas do Rio Paraibuna. Ela mora em um apartamento no primeiro andar de um prédio na Rua Henrique Simões. “Ainda não tinha pegado enchente desse jeito, de acabar com tudo. A água atingiu 1,4m dentro de casa”, relatou à Tribuna. Em 20 minutos, ela viu, de mãos atadas, a água encher sua residência. “Começou a chover (na terça), de repente a água subiu, não deu tempo de quase nada. Não consegui subir os móveis, deu tempo de pegar algumas roupas, alguns documentos, mas a escritura da casa eu perdi”, relatou.
Entre móveis e eletrodomésticos, a moradora perdeu quase tudo. “Quando a água foi subindo, tentei colocar alguns sacos de areia, mas não teve jeito. Perdi tudo: fogão, guarda-roupa, cama, colchão, estante. O que consegui salvar, mas não sei se está em perfeito estado, foram a geladeira e o freezer”, relatou Maria Aparecida, que estava sozinha em casa na ocasião, e assim permaneceu por dois dias.
“Moro sozinha. Fiquei ilhada e tentei sair, mas não consegui. Dormi na escadaria de casa por duas noites, estendi um saco plástico e coloquei edredons”.
Nesta quinta, após as águas baixarem, Maria Aparecida conseguiu dar início aos trabalhos de limpeza da sua casa, agora com a ajuda da filha Fernanda Assis Alves, que também mora no bairro, mas não teve sua casa afetada pela enchente.
Lama
Morador da Avenida Lúcio Bittencourt, José Martins limpava o passeio em frente ao seu ferro-velho no momento em que conversava com a reportagem. Conforme José, até a noite de quarta, o nível da água nas ruas atingia cerca de um metro.
A Rua Mauro Nogueira, perpendicular à Avenida Lúcia Bittencourt, também estava cheia de lama nesta quinta. No local, alguns móveis eram colocados para fora das casas. Também havia muita lama nas ruas Barra Mansa, atrás da Escola Estadual Professor José Freire, e Henrique Simões, ambas alagadas após as chuvas de terça. Apesar das circunstâncias, já era possível trafegar pelas ruas do bairro. Na tarde desta quinta, alguns veículos já transitavam pelo local.
PJF atua em locais atingidos
A Secretaria de Obras tem atuado em diferentes locais atingidos pelas chuvas. Nas ruas Pretestato Silva e João Francisco Monteiro, no Santa Cecília, e na estrada de Chapéu D’Uvas, servidores trabalharam na retirada de uma barreira nesta quinta. Já nas estradas do Campo Grande, no Náutico, Caracol, em Benfica, e no Vale dos Peões, no Linhares, foi colocada escória para melhora nas condições de trafegabilidade.
Ao longo desta quinta, equipes também atuaram na recuperação de rede de drenagem na Rua Dom Silvério, Bairro Alto dos Passos; na troca de manilhas na Rua Capitão Bicalho, Bairro Nossa Senhora Aparecida; e no aterro da rede de captação pluvial na Rua dos Imigrantes Italianos, no Parque Independência. A pasta ainda informou que está sendo construída uma mureta na Rua João Francisco Monteiro, no Bairro Santa Cecília.
A Avenida Antônio Miranda, no Vila Ideal, Região Sudeste, foi interditada, nesta quinta, pela Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), após parte do asfalto ceder com a intensidade das chuvas. A orientação da pasta para quem utiliza o trecho é passar por dentro dos bairros Vila Ideal e Solidariedade. A Defesa Civil não informou prazo para liberação do local.
A Secretaria de Saúde informou que as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Chapéu D’Uvas, Paula Lima, Rosário de Minas, Santa Cecília, Sarandira e Toledos, que não funcionaram na quarta em razão dos danos provocados pelas chuvas, voltaram a atender a população nesta quinta.