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Estudo avalia causas de adoecimento de professores

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Os baixos salários, a falta de autonomia e a sobrecarga de trabalho estão entre as principais causas de adoecimento dos professores que atuam na rede estadual de ensino em Juiz de Fora. Esses e outros problemas têm contribuído para que os profissionais apresentem a Síndrome de Burnout, distúrbio caracterizado pelo esgotamento físico e psicológico causado pelo alto nível de estresse no trabalho. O assunto foi tema de dissertação da mestre em Psicologia Márcia Bastos Miranda.

“Sou psicóloga por formação e tenho vários familiares que atuaram na rede estadual. Decidi verificar se no município de Juiz de Fora os professores tinham o amparo necessário para continuar atuando e questionei como eles viam a própria saúde”, explica. Natural de Santos Dumont, Márcia aplicou questionários respondidos por 46 professores e entrevistou seis profissionais. De acordo com ela, os dados revelaram que a maioria sofria com a síndrome, sendo que alguns também apresentavam sintomas de depressão.
“A presença maior era dos sintomas da síndrome, mas nenhum dos profissionais tinha sido diagnosticado. Alguns estavam depressivos, mas a maior parte se sentia muito estressada. Percebi que havia alguns fatores predisponentes para o desenvolvimento da síndrome, como baixos salários, falta de autonomia, sobrecarga de trabalho e indisciplina e desinteresse dos alunos. Além disso, também há relatos de violência verbal e física”, destaca Márcia. Outro problema apontado é o julgamento dos pares e a falta de iniciativa para solucionar os problemas.

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Apesar de ser um problema grave e de prejudicar tanto a saúde dos profissionais como o ensino dos alunos, segundo a psicóloga, não há nenhuma iniciativa oficial para apoiar esses professores. “Não existem leis muito profundas ou programas preventivos relacionados à saúde do professor. Percebi que são adotadas soluções paliativas, como os afastamentos, quando os professores já estão doentes.”

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Márcia apresentou a dissertação em fevereiro para obter a titulação de mestre em Psicologia. Ela acredita que o estudo pode colaborar para motivar os profissionais a se mobilizarem e lutarem pelos seus direitos.

Síndrome de Burnout
A Síndrome é caracterizada por muitos sintomas e, por isso, o diagnóstico é dificultado, como pontua a psicóloga. “Os sintomas estão sempre ligados ao estresse e possuem três dimensões: a exaustão emocional, a despersonalização e a falta de realização profissional. Eles fazem com que os profissionais tratem os alunos como objetos e ainda trazem sintomas físicos, como problemas gastrointestinais, enxaqueca e dores de cabeça persistentes, entre outros”. Além disso, o diagnóstico pode trazer um impacto financeiro.

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De acordo com a diretora de comunicação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), Yara Aquino, os problemas de saúde acabam fazendo com que os profissionais continuem trabalhando, apesar de doentes. “Há casos de aposentadoria precoce, mas o que mais acontece é o profissional trabalhar doente. Como a maior parte dos professores é contratada, eles não pedem licença e vão para sala de aula doentes. O professor que é efetivo ainda pode pedir uma licença para cuidar da saúde, mas a maior parte da categoria é contratada. Esses problemas são prejudiciais para a saúde dos profissionais e, também, para o ensino.”

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