JF tem um acidente de trânsito a cada duas horas em 2022

Entre janeiro maio, foram 2.252 ocorrências, números que impactam a Saúde: até maio, 1.432 pessoas deram entrada no HPS, vítimas de acidentes


Por Carolina Leonel e Gabriel Silva Repórteres

03/06/2022 às 07h58

A Polícia Militar registrou, em média, 16 acidentes de trânsito por dia, entre janeiro e maio deste ano. Isso significa que mais de um acidente, pelo menos, foi registrado a cada duas horas na cidade ao longo dos últimos meses. Entre 1° de janeiro e 20 de maio, foram 2.252 ocorrências registradas. Deste total, 597 foram com vítimas, ou seja, quando houve algum ferido. Além disso, o levantamento, divulgado pela corporação a pedido da Tribuna, mostra aumento do número de acidentes registrados no mesmo período do ano passado. Em 2021, foram 1.921 ocorrências entre janeiro e maio, sendo 612 com feridos.

O quantitativo impacta diretamente o serviço de saúde municipal. De acordo com a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), o Hospital de Pronto Socorro Dr. Mozart Teixeira (HPS) é referência no município para o atendimento de pacientes oriundos de acidentes e traumas no trânsito. A pasta informou que somente este ano, entre 1º de janeiro a 23 de maio, 1.432 pessoas deram entrada no HPS, com gravidades diversas, vítimas de acidentes com carros, motos e pedestres – uma média de dez entradas por dia, no período.

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Há vários fatores relacionados às causas dos acidentes, como dirigir sob efeito do álcool e com celular ao volante, mas o excesso de velocidade é o que leva aos episódios de maior gravidade (Foto: Fernando Priamo)

Excesso de velocidade

De acordo com o Corpo de Bombeiros, apesar de serem vários os fatores relacionados às causas dos acidentes, o excesso de velocidade está diretamente associado à gravidade do acidente. Dados da corporação, que é acionada apenas em ocorrência com vítimas, apontam atendimento a 162 acidentes entre janeiro e abril deste ano, com 202 vítimas. Deste total, oito foram fatais e 17 ficaram em estado grave.

Em relação às estradas, conforme o Corpo de Bombeiros, uma das grandes causas de acidentes e transtornos durante as viagens são os defeitos existentes no veículo e causas externas como, por exemplo, chuvas e neblinas, além da imprudência dos condutores.

Portanto, a corporação orienta que antes de uma viagem, o motorista procure saber sobre as condições climáticas e da estrada. No caso da volta de eventos na cidade, além destas dicas, os bombeiros orientam que as pessoas jamais conduzam o veículo sob efeito de bebida alcoólica ou drogas. A orientação é para o uso de táxis, transporte público ou por aplicativos.

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O término das restrições de circulação que vigoraram durante os dois primeiros anos de pandemia impacta o aumento de infrações (Foto: Fernando Priamo)

Problemas comportamentais são desafios

Para o mestre em engenharia de transportes, José Luiz Britto Bastos, um dos grandes problemas em relação a acidentes de trânsito é comportamental. Na avaliação de Britto, parte dos condutores não respeita as leis de trânsito. “O excesso de velocidade, o uso do celular ao volante, dirigir sob o efeito de bebidas alcoólicas, de um modo geral têm sido causas dos acidentes de trânsito”.

Para o especialista, o término das restrições de circulação que vigoraram durante os dois primeiros anos de pandemia impactam no aumento de infrações. “O número de acidentes por dia que já foi registrado em 2022 é um excesso, se considerarmos os fundamentos da visão zero sueca, que nos diz que no trânsito ninguém deve morrer ou se ferir. Em 2019, os dados apontam cerca de 18 acidentes por dia. Naquela época, ainda não tínhamos as restrições do ir e vir provocadas pela pandemia do Covid-19, mas percebe-se, claramente, que não havendo restrições, o abuso por parte dos condutores, aumenta as probabilidades de mais acidentes”, analisa.

Registro de motoristas embriagados dobrou em JF

A associação entre álcool e direção é uma das causas relevantes de acidentes de trânsito em Juiz de Fora e nas estradas da região. Matéria publicada pela Tribuna em 24 de maio mostrou, inclusive, que o registro de motoristas embriagados dobrou na cidade. Nos cinco primeiros meses deste ano, a Polícia Militar apontou aumento de 100% no número de ocorrências e a Polícia Militar Rodoviária registrou aumento de 18% no número de prisões de condutores embriagados, em relação ao mesmo período do ano passado.

Nos últimos dias 21 e 22 de maio, a PMR chegou a registrar sete casos de condutores sob efeito de álcool na região de Juiz de Fora, com dois dos infratores envolvidos em acidentes de trânsito: um na MGC-393, em Pirapetinga, onde um rapaz bateu um carro em um caminhão; e na MG-353, em Juiz de Fora, onde um homem de 45 anos se envolveu em acidente com outro veículo. No domingo (29), um motorista admitiu ter feito uso de bebida alcoólica após colidir em dois outros carros em Bom Jardim de Minas.

Cinto de segurança deve ser utilizado por todos

A não utilização do cinto de segurança é uma das principais causas de acidentes graves no trânsito, apesar de o artigo 167 do Código de Trânsito Brasileiro dizer que é obrigatório o uso do dispositivo por todos os passageiros de um veículo.

Entretanto, lembra Britto, é muito comum as pessoas acharem que os passageiros do banco traseiro não necessitam usar o aparato de segurança. “Um erro crasso”, afirma. “Uma pessoa sem o cinto de segurança no banco de trás, havendo um acidente de trânsito, se projeta no espaço, com dez vezes o peso do seu próprio corpo”, explica.

Nesse sentido, Britto afirma que as principais medidas para se evitar acidentes de trânsito dizem respeito ao respeito às normas, além dos limites de velocidade. “No mundo inteiro, os limites de velocidade urbanos vêm sendo reduzidos, medida que tem por objetivo aumentar a segurança viária.”

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