Desde o dia 8 de outubro, usuários do transporte público de Juiz de Fora não pagam passagem nos coletivos urbanos aos domingos e feriados nacionais. O decreto que garante ônibus gratuito para a população foi assinado, no início do mês, pela prefeita Margarida Salomão. Até o momento, a medida impactou em um aumento médio de 27 mil passageiros a cada domingo desde a implantação da medida, segundo o Consórcio Via JF. O projeto está sendo subsidiado com recursos do Tesouro Nacional.
Uma das propostas da gratuidade é movimentar outros setores da economia, já que a população poderá usufruir do benefício para explorar lugares de lazer da cidade. “Nós esperamos que as pessoas agora tenham melhores condições de ir a festas, aos jogos, de se encontrarem, fazer visitas às suas famílias, visitar um parente doente… Eu acho que nós estamos garantindo que todas as pessoas tenham direito ao seu lazer”, destacou a prefeita durante assinatura do decreto. Margarida também afirmou que o “direito à mobilidade é um direito constitucional e, portanto, o Poder Público tem a obrigação de participar da viabilização desse direito”.
Apesar da demanda de usuários ter crescido, a frota de ônibus aos domingos e feriados continua em horário reduzido, e alguns leitores reclamam de atrasos. Essa é a situação enfrentada por José Paulo da Silva, 45, que trabalha aos domingos em um supermercado da cidade e precisa se deslocar da Zona Norte para a Zona Sul. Ele afirma ter notado uma redução no itinerário dos ônibus além do esperado. “Agora fico no ponto de ônibus esperando por quase 2 horas, antes não era assim, no máximo uns 40 minutos. Já cheguei atrasado por esse motivo e tenho que compensar, ficando até mais tarde no serviço.” O trabalhador disse já ter tentado contato com o Consórcio Via JF e com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), mas até o momento não teve retorno.
‘Ônibus gratuito tem nos ajudado’
Em nota, a PJF informou que “os ônibus gratuitos aos domingos e feriados nacionais são um grande benefício para a população e seguem o quadro de horários destes dias, em que há distância maior de tempo e algumas linhas não circulam”. Walter Pires, 26, é uma das milhares de pessoas que têm se beneficiado da gratuidade. Ele usa o transporte público para ir a um culto religioso. O jovem mora no São Pedro, Zona Oeste, e atravessa a cidade para ir até sua igreja, que fica no Manoel Honório, Zona Nordeste. “De fato, ter o transporte público gratuito durantes os domingos e feriados tem nos ajudado bastante.” Pires, porém, faz uma ressalva: “eu notei que o número de ônibus e o fluxo deles reduziu. Demora muito tempo para conseguir pegar um ônibus, por exemplo, no São Pedro. Fico mais de 40 minutos no ponto e acabo me atrasando.”
A comerciante Dorileia Cristiane de Souza, 43, trabalha em um domingo e folga no outro, e depende do transporte coletivo para se deslocar até o emprego. Ela mora no Centro da cidade e seu trabalho fica na Zona Sul, por isso, sempre pega as linhas dos bairros Santa Cecília, São Mateus e Mundo Novo. Mas, mesmo quando está de folga, Dorileia costuma usar ônibus para passear com a família e viu a gratuidade como uma maneira de economizar no transporte e investir no lazer. No entanto, depois que a medida foi implementada, ela notou uma demora, além do esperado para os domingos, na chegada dos ônibus. “Aos domingos e feriados sempre foram menos ônibus, mas agora com a gratuidade as pessoas estão saindo mais de casa nesses dias. Acho que deveriam colocar mais ônibus.”
Acompanhamento
Em nota enviada à Tribuna, o Consórcio Via JF destacou que a gratuidade aos domingos e feriados garante o direito das pessoas se locomoverem não apenas para trabalhar, mas também para ter lazer. A respeito do questionamento dos passageiros sobre o cumprimento dos horários dos itinerários, a empresa afirma permanecer com os indicadores nos parâmetros estabelecidos junto com a Prefeitura. Em relação à possibilidade de aumento da frota, o Consórcio informou que “o Programa de Gratuidade está sendo acompanhado pelas equipes de gestão da frota e que mudanças podem vir a acontecer em caso de necessidade”.