No último mês, as oscilações no tempo, em Juiz de Fora, foram uma montanha-russa. No dia 11 de agosto, os termômetros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) marcaram o recorde de dia mais frio do ano. Já a primeira semana de setembro começou quente, com alerta de onda de calor que deve continuar nas próximas duas semanas.
Essas mudanças constantes e bruscas na temperatura geram algumas consequências no organismo. Em conversa com a Tribuna, o médico e coordenador do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus, Fernando Aarestrup, explica que “essas mudanças repentinas de temperatura podem provocar uma perda do equilíbrio nas respostas do sistema imunológico. O corpo tem que gastar mais energia para responder aos microorganismos, como vírus e bactérias, que se beneficiam nestas condições climáticas e aumentam a sua proliferação”.
Fernando também comenta que, nesses períodos, é comum que as defesas do corpo fiquem mais vulneráveis. Crianças e idosos estão mais suscetíveis a essa situação. Em crianças, o motivo é que o sistema imunológico ainda está em fase de desenvolvimento e aprendizado para responder aos estímulos ambientais. Já as pessoas idosas apresentam um fenômeno chamado imunossenescência, que significa que o sistema imunológico está envelhecendo e, portanto, tem respostas mais lentas.
Pessoas com doenças crônicas precisam redobrar a atenção
Além disso, pessoas com propensão a doenças crônicas, dentre elas as cardiovasculares, precisam redobrar a atenção frente a essas alterações climáticas. O cardiologista Fábio Loures Peralva destaca que o organismo tem que se adaptar às mudanças de temperaturas. Porém, ele leva tempo para fazer essas adaptações e, muitas vezes, com essas mudanças bruscas, não há tempo para realizar esses ajustes, levando à descompensação de doenças crônicas.
“No frio o organismo tem que se adaptar para manter o calor dentro do organismo, para minimizar a perda de temperatura que ocorre normalmente. Para isso, ele faz o que chamamos de vasoconstrição periférica, que é tornar os vasos dos nossos pés e mãos menores. Isso leva ao aumento da pressão arterial. Além disso, geralmente diminui um pouco a frequência cardíaca, também com objetivo de reter calor. Já quando temos uma temperatura elevada, acontece exatamente o contrário, que chamamos de vasodilatação periférica, aumentamos os nossos vasos dos pés e mãos. Logo, no calor, a pressão arterial geralmente fica mais baixa e a frequência cardíaca mais alta”, esclarece o especialista.
Diante disso, o médico conclui que, para minimizarmos os efeitos sobre o nosso corpo, é muito importante manter muita hidratação. E, durante o frio é essencial se manter aquecido. Além disso, tomar as vacinas do calendário vacinal é uma medida fundamental. Por último, caso tenha algum sintoma, como dores no peito, cansaço e falta de ar, o primeiro passo é procurar o atendimento médico para avaliação.
*estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa.