Novo remédio para emagrecer chega ao Brasil e acende alerta de médicos: “Não é para todo mundo”
Comercializado com o nome de Mounjaro, remédio a base de tirzepatida, chegou às farmácias brasileiras em maio

Após meses de expectativa, o remédio Mounjaro, à base de tirzepatida, chegou às farmácias brasileiras em maio. Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o medicamento tem sido apontado como o mais potente da nova geração de tratamentos contra obesidade e diabetes tipo 2, com resultados de perda de peso que superam os obtidos com o famoso Ozempic. Mas, junto ao entusiasmo, cresce a preocupação com o uso indiscriminado.
Estudos clínicos mostram que pacientes com obesidade podem perder mais de 20% do peso corporal com o uso da tirzepatida — taxa superior à da semaglutida, presente em medicamentos como Ozempic e Wegovy. O segredo está na combinação de dois hormônios: o GLP-1, já conhecido por ajudar no controle da saciedade e glicose, e o GIP, que amplia esse efeito.
Apesar dos bons resultados, especialistas pedem cautela. “Esses medicamentos não são uma solução estética para emagrecer dois quilos”, alerta a endocrinologista Maria Edna de Melo, do Hospital das Clínicas da USP. “Trata-se de um tratamento sério, com riscos e efeitos colaterais, indicado para pessoas com obesidade ou comorbidades.”
Entre os efeitos adversos mais comuns estão náusea, diarreia, vômito e constipação. Em alguns casos, há perda de massa muscular, risco de pancreatite e, em pacientes diabéticos, piora de quadros de retinopatia. O acompanhamento médico é indispensável.
Diante do uso fora do padrão, a Anvisa passará a exigir receita retida para a compra de medicamentos à base de semaglutida e tirzepatida a partir de 23 de junho. A medida visa coibir a automedicação e o uso incorreto de doses elevadas.
Preços que podem ultrapassar R$4 mil por mês
Outro desafio é o acesso ao tratamento. Com preços que podem ultrapassar R$ 4 mil por mês, o remédio ainda está fora do alcance da maioria da população. Propostas para inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) foram rejeitadas em 2024, sob o argumento de alto custo.
Mesmo com as controvérsias, os especialistas são unânimes: a tirzepatida representa um avanço importante, mas seu uso deve ser guiado pela ética médica, e não pela vaidade. “Estamos diante de uma revolução, sim”, diz o endocrinologista Carlos Minanni. “Mas é preciso garantir que ela seja segura, acessível e baseada na real necessidade do paciente.”
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