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Margarida Salomão: ‘8 de março é um dia de luta’

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Única mulher na história atual a comandar o Executivo juiz-forano, Margarida Salomão (PT) também esteve no Congresso Nacional por dois mandatos como deputada federal (2013 a 2020). Foi pioneira de Juiz de Fora na Câmara Federal. Antes disso, esteve à frente da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) de 1998 a 2006. Nesse percurso, testemunhou e contribuiu com mudanças de paradigmas e viu avanços nas políticas públicas para mulheres, mas ainda espera e atua por mais. À Rádio Transamérica Juiz de Fora, a prefeita falou sobre os avanços e desafios para o público feminino em entrevista que inicia série sobre o mês da mulher.

“Se fosse fácil, mais mulheres já teriam sido eleitas reitoras, prefeitas e até mesmo deputadas” , reconhece Margarida sobre a atuação política feminina. Apesar dos desafios, a prefeita destaca que os avanços não devem deixar de ser celebrados. “Na UFJF acabamos de ter eleita uma reitora (Girlene Alves). Esse caminho que a gente vai desbravando é certamente uma jornada difícil, mas espero que sirva como um processo de pioneirismo, de abertura de caminhos para que muitas mais mulheres se animem e se inspirem a seguir essa luta, que está longe de ser uma luta conquistada, é um terreno sempre muito adverso, mas que vale à pena. Não ao bem apenas das mulheres, mas da humanidade.”

Prefeita Margarida Salomão concedeu entrevista à Rádio Transamérica Juiz de Fora nesta terça-feira (12) (Foto: Rádio Transamérica Juiz de Fora)

Conforme lembrou, sua atuação à frente do Executivo tem priorizado o pioneirismo de mulheres, que inclusive tem crescido no Poder Legislativo. “A coisa mais importante que nós fizemos foi termos um número de mulheres, nesse Governo, sem precedentes na história da cidade. Inclusive, também aumentou o número de mulheres na Câmara de Juiz de Fora. Quatro vereadoras em 19, mais ou menos em 25%. Isso é mais do que na Câmara Federal, onde a proporção é de cerca de 17%.”

Com esse protagonismo, à frente da Prefeitura, Margarida afirma buscar ampliar serviços em prol da mulher no município, com destaque para recentes conquistas. A prefeita citou, por exemplo, a ampliação do atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) que, de acordo com ela, tem beneficiado principalmente mulheres com triplas jornadas de trabalho.

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“A ampliação do atendimento nas UBSs, a continuidade deste atendimento sem pausa para horário de almoço, e durante o primeiro turno do dia aos sábados, levou a um crescimento brutal de atendimentos. Só nas unidades que passaram a trabalhar 12 horas por dia, mais aos sábados de manhã, nós tivemos um crescimento de atendimentos de 35%. As unidades que trabalhavam oito horas, com interrupção para o horário de almoço, passaram a trabalhar dez e, com isso, tiveram um crescimento de procura em 40%”, exemplifica.

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O atendimento da Atenção Primária, conforme destacou, ampliou o acesso à saúde para uma grande parcela da população. “São pessoas que vão procurar a Saúde na hora do almoço, e em grande parte são mulheres, donas de casa, que possuem três jornadas.”

A prefeita também citou a inauguração do novo Pronto Atendimento Infantil (PAI), com uma estrutura de atendimento que permite com que as acompanhantes das crianças possam ter mais conforto e segurança no acesso à saúde infantil. “Hoje ele (o prédio) está muito melhor instalado. Isso sem sombra de dúvidas também constitui uma tranquilidade maior para as mães, avós, para irmãs, para as mulheres. É impressionante o número de acompanhantes do gênero feminino nesses processos de saúde.”

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Outra medida destacada por Margarida foi a gratuidade do transporte público urbano aos domingos e feriados nacionais. “São muitas mulheres levando as crianças para passear, para a igreja. Então, eu como governante mulher, tenho muita sensibilidade para esse tipo de coisa, porque inclusive converso com outras mulheres e elas compartilham suas dificuldades. Então é claro que nós temos políticas dirigidas para a saúde da mulher.”

Casa da Mulher Brasileira

Outro ponto citado na entrevista foi a situação da Casa da Mulher Brasileira, a ser instalada em Juiz de Fora. No ano passado, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) participou da cerimônia que marcou a implantação do Plano de Ação na Segurança (PAS) e do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci 2) em Minas Gerais. Na ocasião, de acordo com o próprio Executivo à época, a construção de uma Casa da Mulher Brasileira na cidade também foi debatida, por meio da assinatura de um termo de adesão.

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Questionada sobre o avanço da política pública, Margarida destacou que o projeto é uma iniciativa tripartite e também depende de retornos dos governos Estadual e Federal.

“A parte da PJF foi oferecer o terreno e oferecemos. Será aquele adjacente à prefeitura que tinha até sido destinado ao Fundo de Previdência. É um grande equipamento para proteção de mulheres vítimas de violência doméstica, que não têm para onde ir. Hoje, por exemplo, nós temos colocado essas mulheres em hotel”, disse.

De acordo com a prefeita, a anuência do Estado para o andamento do projeto saiu na semana passada. “Isso envolve o Estado porque tem a ver com a polícias Militar e Civil. Agora, vai para o Governo Federal, que vai contratar a construção do equipamento. A partir disso, a Prefeitura e o Estado vão suprir os profissionais para que funcione a Casa da Mulher Brasileira em Juiz de Fora.”

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‘Disposição de avançar’

Na entrevista, Margarida lembrou que o Dia da Mulher é, na verdade, o “Dia de Luta da Mulher” e destacou a importância das mulheres continuarem conquistando seus espaços e direitos.

“Nós temos que comemorar o avanço que as mulheres já fizeram e prosseguir lutando. Porque, na verdade, o Dia 8 de Março é o Dia da Luta das Mulheres. Claro que ninguém vai recusar presentes, pelo contrário, queremos até todos os dias, mas o fato é que o dia é de luta. Lembra um episódio violento em que morreram cem mulheres nos Estados Unidos, por isso que a data é lembrada como uma disposição de avançar. E de fato avançamos muito e, queira Deus, continuemos a avançar.”

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