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Sepse: Saiba mais sobre uma das doenças que mais matam no Brasil

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Antes de você terminar de ler esta reportagem, alguém morrerá de sepse no mundo, doença mais conhecida como infecção generalizada. Cerca de 40 milhões de pacientes são acometidos de sepse a cada ano no planeta, conforme dados atualizados do Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), dos quais 400 mil somente no Brasil, com um registro de 240 mil óbitos em território nacional. Os bebês também estão entre os mais acometidos pela doença.

Infectologista Rosana Richtmann é destaque do III Fórum de Discussão da Sepse, que acontece no dia 10 de novembro, para discutir os perigos da doença nos primeiros anos de vida (Foto: Divulgação)

A sepse é uma resposta do organismo a uma agressão a seus órgãos e tecidos causada por um agente infeccioso, que pode levar ao choque séptico, à falência múltipla dos órgãos e à morte. No Brasil, a doença tem mortalidade superior à da Índia e da Argentina, chegando a 65% dos casos, enquanto que a média mundial é de 30% a 40%. É ainda responsável por 25% da ocupação de leitos em UTI, sendo a principal causa de morte nesta unidade hospitalar. Supera o câncer e o infarto agudo do miocárdio como causa de mortalidade hospitalar tardia, gerando altos custos nos setores público e privado. Justamente por ser uma doença muito prevalente, mas que pode ser identificada e tratada precocemente, é que deve ser amplamente discutida entre os profissionais de saúde.

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Como participar

A fim de auxiliar profissionais da saúde e reduzir estes índices, o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) da Santa Casa de Juiz de Fora, com apoio do Laboratório Astellas, promove o III Fórum de Discussão da Sepse. O evento acontece no dia 10 de novembro, pela plataforma INAC, de forma on-line , a partir das 19h. Profissionais de saúde de nível técnico e superior podem participar, e as inscrições podem ser feitas pelo endereço eletrônico 

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Sepse nos primeiros anos de vida

Simone Pifano é coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa (Foto: Divulgação)

Nesta edição, o tema é Manejo da Sepse na UTI Pediátrica e Neonatal, com a infectologista Dra. Rosana Richtmann, uma das autoridades no assunto. Para este ano, a abordagem está focada nos primeiros anos de vida, uma vez que os prematuros e as crianças com menos de 1 ano são os mais propensos a ter a infecção generalizada, sendo causa de mortalidade em todo o mundo, a depender da severidade, dos fatores de risco e da localização geográfica.

“Conseguimos junto ao laboratório Astellas uma palestrante com vasta experiência no assunto e que com certeza contribuirá em muito para o aprimoramento daqueles que participarem do fórum”, frisa a coordenadora do SCIH, Simone Pifano. Visando à segurança do paciente e à excelência de seus tratamentos, mensalmente a Santa Casa faz o monitoramento dos casos de sepse. Os dados obtidos são analisados e amplamente discutidos. “Estamos sempre em busca de ações que possam contribuir para o aprimoramento dos processos de atendimento”, diz.

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Conhecer para combater com eficiência

A sepse é uma resposta desordenada e desproporcional do organismo contra infecções provocadas por bactérias, fungos, vírus etc. Inicialmente, é um processo infeccioso localizado, como uma pneumonia, uma diarreia infecciosa ou uma infecção dos rins, por exemplo. Neste primeiro momento, as bactérias estão alojadas em um órgão e são combatidas pelos mecanismos de defesa do organismo. Se a infecção não for rapidamente controlada, as bactérias conseguem acesso à circulação sanguínea e se espalham pelo corpo. Diante da complexidade, quanto mais precocemente for abordada, maiores são as chances de sobrevivência.

“Acreditamos que a melhoria do prognóstico da sepse pode ser alcançada por meio da educação e do treinamento. Quanto mais conhecemos sobre um tema, mais fácil fica o reconhecimento do diagnóstico pela equipe assistencial, visando ao tratamento humanizado e a à segurança do paciente. No caso da sepse, é muito importante a identificação e o tratamento precoce para o melhor desfecho”, resume a coordenadora do SCIH, Simone Pifano.

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Entrevista/Cristiane Marcos: ‘O treinamento com busca em diagnóstico precoce é fundamental’

Cristiane Marcos, infectologista (Foto: Divulgação)

“Discutir sepse no cenário de uma pandemia nos remete ao uso racional dos antibióticos, pois corre-se o risco de abusar do uso de antibióticos, e seu uso indiscriminado eleva o risco que é mundial de cepas de bactérias multirresistentes”

Confira a entrevista com a médica infectologista do Serviço de Controle de Infecção da Santa Casa de Juiz de Fora, Cristiane Marcos, e saiba mais sobre a sepse, seus sintomas e formas de tratamento.

Pacientes em UTIs têm mais chances de ter sepse? Se sim, o que explica essa maior probabilidade? Sim, pacientes em UTI têm mais chances de pior evolução em razão não só de doenças de base, muitas vezes graves, mas também dos procedimentos invasivos frequentemente indicados e salvadores, contudo com potenciais fatores complicadores.

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A qualidade do atendimento e estratégias de controle de infecção nas unidades hospitalares são fatores determinantes para frear os índices da doença? Sim, o treinamento em saúde com busca em diagnóstico precoce e o atendimento de qualidade ao paciente séptico são fundamentais para a evolução satisfatória da doença, além das medidas preventivas de infecção em unidades críticas.

Em sua avaliação, o que falta no Brasil para que a sepse saia do ranking das doenças que mais matam no país? Pensar em sepse no atendimento de emergência dos pacientes e com enfoque em processos e fluxos que determinem um atendimento mais pontual por toda a equipe.

Em relação aos bebês, que são o tema central do fórum, eles são mais propensos a este tipo de infecção? Diante da fragilidade dos pequenos, como evitar a sepse e como diagnosticar a doença de maneira rápida e eficaz? Os fatores de risco envolvidos no atendimento à sepse neonatal e infantil devem ser levados em consideração no tratamento preventivo e precoce. Entre os fatores maternos que aumentam o risco de o bebê desenvolver a doença, estão o parto prematuro, a taquicardia fetal sustentada no intraparto e o histórico de infecção por Streptococcus do grupo B em outro filho. Há ainda outros fatores inerentes à bactéria ou ao estado imunológico da mãe e do recém-nascido que podem também aumentar o risco da doença.

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Por fim, num cenário pandêmico e também de muitas mortes, qual a importância de se discutir a infecção no âmbito hospitalar, seja no universo geral, seja voltado para Sepse na UTI Pediátrica e Neonatal, como realiza a Santa Casa? Discutir sepse no cenário de uma pandemia nos remete ao uso racional dos antibióticos, pois corre-se o risco de abusar do uso de antibióticos, e seu uso indiscriminado eleva o risco que é mundial de cepas de bactérias multirresistentes. A doença exige da equipe médica medicamentos e equipamentos sofisticados. Muitas crianças evoluem para o óbito antes mesmo da admissão em CTI ou dentro da primeira semana de internação. O tema é tão relevante que temos o 13 de Setembro como o Dia Mundial da Sepse.

Leia também: Veja por que a Santa Casa é referência no atendimento humanizado

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