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Conheça os atrativos de São Roque de Minas, na Serra da Canastra

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(Foto: Pedro Moysés)

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Em São Roque de Minas – a 495 quilômetros de Juiz de Fora –, o secretário de Turismo, Marcel Bruno, recebe a Tribuna para uma explanação sobre o Parque Nacional da Serra da Canastra e relata os desafios enfrentados pelo turismo na região, mesmo com tantos atrativos. As explicações são tema da sétima reportagem da série Tribuna por Minas.

Com 200 mil hectares, o parque é composto por seis municípios: Delfinópolis, São João Batista do Glória, Capitólio, Vargem Bonita, São Roque de Minas e Sacramento. Ele possui três blocos geológicos bem definidos: a Serra da Canastra – que fica 75% em São Roque de Minas e 25% em Sacramento –, a Serra da Babilônia e a Serra de Santa Maria.

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Em São Roque de Minas, fica a maior área regularizada do parque, que é o Alto do Chapadão, gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia federal. Eles fazem o controle de acesso das quatro portarias.

Acessando pela Portaria 1, pelo Alto do Chapadão, passa-se pela nascente histórica do Rio São Francisco – que será tema da última reportagem da série – e pelo Monumento Cultural tombado do Curral de Pedras, que pertencia a uma fazenda temporária da época da colonização. Os criadores de gado iam descendo o São Francisco, pela terra fértil, e, como não encontravam madeira adequada para fazer as cercas na região, utilizavam pedras.

No caminho também há o acesso à bifurcação que leva às cachoeiras Rasga Canga e Rolinhos, com uma piscina natural e, mais à frente, a Cachoeira Casca d’Anta parte alta – cuja parte baixa também será tema da última reportagem –, com mais piscinas naturais e um mirante em que se contempla o Vale do São Francisco e a Serra da Babilônia, oposta à Canastra.

Um pouco mais à frente na estrada, fica o atrativo da Garagem de Pedras, um mirante de uma fazenda antiga do Vão dos Cândidos, em que os proprietários construíram uma garagem para um jipe. “Como não havia estradas pelo Vale do São Francisco, o acesso era mais fácil pelo Alto do Chapadão”, explica Marcel.

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“Então, ele pegava o jipe da garagem, vinha à cidade, retornava, deixava o jipe e descia à cavalo com as compras e os mantimentos para o vale embaixo. Era o caminho que tinha, porque o jipe não acessava, de tão íngreme que é a estrada”.

Seguindo no caminho, fica o segundo atrativo mais bonito do lugar, na opinião de Marcel, a Cachoeira do Fundão. Depois, o acesso à Portaria 2, com o distrito de São João Batista da Serra da Canastra, o único registro histórico do nome Canastra, que surgiu com o desenvolvimento vindo da Rota do Desemboque. Essa portaria vai só para o distrito e acessa a cidade de Itapira, com cachoeiras na parte de baixo.

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Seguindo o caminho pela estrada principal do Chapadão, chega-se na Portaria 3, que dá acesso a Sacramento. De uma portaria a outra são 75 quilômetros. No alto do Chapadão, são mais ou menos 95 mil hectares, com gestão “eficiente” do ICMBio, inclusive com manejo de fogo. “A Canastra foi um dos parques nacionais inovadores”, conta Marcel, “desde 2015 que é feito o controle de fogo com uso de fogo”.

Em São Roque de Minas ainda há atrativos em áreas particulares, com melhor infraestrutura de acesso, mas com taxa de visitação: as cachoeiras da Chinela, do Capão Forro, do Cerradão, do Nego e do Antônio Ricardo.

Desafios para o turismo de uma cidade pequena

No cargo desde janeiro deste ano, Marcel ainda não tem pronto o inventário turístico, mas se ampara por números das portarias do parque. A estimativa é de que sejam cerca de 5 mil visitantes mensais passando pela Portaria 1. Isso porque os dados podem ser conflitantes com outras portarias. Na 2, por exemplo, a média é de 7 mil por mês. 

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Mas nem todos esses estão hospedados na cidade, ou contratam um passeio, um guia. Às vezes, nem passam em restaurantes. E o maior desafio, segundo Marcel, é conseguir a infraestrutura em volta dos atrativos: “Nossas hospedagens são fantásticas comparadas com outras, atendem muito bem o nosso público. Alguns gargalos são acessos e alimentação”.

O secretário afirma que, em alguns momentos, a cidade tem dificuldade de atender plenamente todos os visitantes, principalmente nas últimas e nas primeiras semanas do ano, devido ao período chuvoso: “Nosso município tem 3.500 quilômetros de estradas rurais para manutenção, então isso impacta muito. Algumas cachoeiras ficam bem isoladas, por exemplo, a Cachoeira da Boa Vista, a Parida. De São Roque, para acessar é complicado”.

Além disso, a manutenção dentro do próprio parque também demanda muito da cidade de pouco mais de 7 mil habitantes, com uma dependência “imensa” da gestão federal. “As estradas de acesso à nascente do Rio São Francisco ainda estão precárias. É uma deficiência dessa junção. Do governo federal estender uma mão e a Prefeitura poder estender a outra recebendo uma contrapartida funcional.”

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“A gente está com uma obra de infraestrutura para a subida da serra, que é o calçamento, que vai até próximo à nascente”, exemplifica, “mas veio só o pacote do projeto do calçamento. Teria que vir a infraestrutura para o parque, infraestrutura para a cidade. Porque vai democratizar o acesso à nascente e aumentar o fluxo de visitantes. Isso é ótimo, isso é muito bom. Mas as nossas estradas podem não comportar, as nossas estruturas de qualidade de vida podem não suportar. De saúde também pode ter um impacto com isso.”

O apoio é bem restrito a questões do parque, como brigada de incêndio, equipamentos e funcionários. “A gente firma parceria com o parque, mas nada que envolve recursos”, lamenta. “Os custos que a prefeitura enfrenta são os mesmos custos de uma cidade gigante que tem inúmeros recursos chegando. Então a gente é estrangulado o tempo todo com mão de obra. Porque tem um teto do que se pode gastar.” 

Ele cita ainda um custo de trabalho muito alto devido às distâncias, encarecendo o frete. Marcel calcula, a grosso modo, que seria necessário duas vezes o valor que já recebem atualmente, para fazer algo eficiente. “Como está, vamos apagando incêndios, sempre acudindo aqui e ali.”

Mesmo com tantos atrativos, o secretário afirma que, atualmente, o turismo deve ser o terceiro setor mais forte da cidade, atrás de agricultura e pecuária.

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(Foto: Pedro Moysés)

Leia as reportagens da série Tribuna por Minas:

 

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