A Zona Rural corresponde a 70% da área total do município de Juiz de Fora e 1.100 produtores rurais dependem dessas terras para geração de renda. Os dados são da plataforma “Desenvolve JF“, criada pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), e mostram a importância do trabalho no campo para a economia da cidade. Para se ter ideia, o último Censo Agro do IBGE, realizado em 2017, apontou que Minas Gerais é o segundo estado brasileiro com mais agricultores familiares, sendo cerca de um milhão de trabalhadores no setor. Pensando em incentivar e orientar os produtores rurais a usarem técnicas administrativas e equipamentos para aumentar a produção e facilitar todo o processo, o Sindicato Rural de Juiz de Fora oferece cursos e acompanhamento técnico de forma gratuita.
Desde 1966, o Sindicato Rural atua em Juiz de Fora. A entidade conta com cerca de 600 filiados, espalhados pela cidade e região, já que atende também os municípios de Piau, Coronel Pacheco, Chácara, Matias Barbosa, Ewbank da Câmara, Simão Pereira e Belmiro Braga. Além de representar em âmbito municipal, estadual e federal as demandas rurais, a associação busca dar suporte aos produtores rurais, oferecendo serviços de atualização de documentos, declaração de Imposto Territorial Rural (ITR), regularização das vacinas dos animais, entre outros.
Em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), o Sindicato disponibiliza cursos gratuitos de Formação Profissional Rural e Promoção Social, desenvolvidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Em 2023, 220 cursos foram oferecidos. Além disso, a organização também oferece o serviço de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) que garante dois anos de assistência gratuita, prestados por técnicos especialistas, que realizam uma visita presencial por mês, com duração de 4 horas, em que são esclarecidas dúvidas do produtor.
De acordo com Andreia Vinha, agente de Desenvolvimento Rural, responsável pelos programas do Senar promovidos no Sindicato, hoje a mão de obra na Zona Rural é mais escassa, por isso é fundamental que os produtores invistam em equipamentos para facilitar e agilizar o trabalho. “O principal foco da ATeG é fazer o produtor enxergar a propriedade dele como uma empresa, assim prosperando na produção e gerando lucro, e isso é possível mesmo que seja apenas ele e a família que trabalhem ali. Além de dar uma noção de gerenciamento do seu negócio, o que permite ao trabalhador visualizar todo o desempenho.” Em 2023, seis grupos de ATeG nas cadeiras de produtor de leite, produtor de lácteos (queijos e derivados do leite), produtor de cachaça e produtor de gado de corte foram desenvolvidos.
Atualmente, o Sindicato está com as inscrições abertas para os grupos de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) de queijos e derivados e para produtores de gado de leite. Para se inscrever é necessário entrar em contato direto com o Sindicato pelos números (32) 99978-1877 ou (32) 3215-1006. A sede da organização fica localizada na Rua Edgard de Paiva Aguiar 135, Bairro Cerâmica, Zona Norte.
Trabalho reconhecido
Segundo a PJF, a principal atividade agropecuária na cidade é a produção de leite. Na cidade, há cinco associações de produtores de pecuária leiteira e 170 produtores associados, o que corresponde a produção de 18.805 litros de leite por dia. Além disso, Juiz de Fora se destaca na produção de queijos, principalmente o Queijo Minas Frescal. Existe hoje no município um total de 44 produtores de queijo formalizados, com algum tipo de Selo de Inspeção e 800 produtores de bovinocultura de leite. Prova disso é o casal Hemerson Haber Ferreira e Nathalie de Souza, do Laticínios Da Dalt, que foi premiado pelo CNA Agro Brasil 2023, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Há mais de 20 anos, o casal produz diversos queijos, iogurte e manteiga na sua propriedade localizada na Vila Almeida, Zona Leste de Juiz de Fora. Para ser responsável pelo laticínio, Nathalie precisou fazer cursos do Senar e participou de dois grupos de ATeG. “A técnica que nos orientou, a Maria Rita, entende muito da linguagem do produtor rural, ela ensina a técnica com uma linguagem informal, que é de fácil entendimento para as pessoas que têm menos ou mais instruções. E, através dessas visitas, nós conseguimos aumentar o nosso portfólio de produtos de dois, que era o minas frescal e a muçarela, para seis, que foram meia cura, queijo coalho, iogurte e manteiga.”
Por causa dessa assistência, Nathalie fundou uma cooperativa de agricultores familiares, a COOPEAFAMIJF, que conta com 80 famílias que têm acesso ao mercado institucional, distribuindo alimentos para as escolas estaduais, PJF e o Exército. “Toda minha família tem cursos pelo Sindicato. Se somar, desde 2011, eu, meu esposo e meus filhos já fizemos mais de 50 capacitações.” Neste ano, a produtora também se formará no curso técnico de Zootecnia, oferecido pelo Sindicato e aprovado pelo Ministério da Educação.