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Ciclista acidentado busca recuperação com ajuda de voluntários

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(Foto: arquivo pessoal)
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Era por volta de 9h quando o ciclista David Lúcio Rodrigues Oliveira viu sua vida virar de cabeça para baixo. Em meio ao feriado da Proclamação da República, no dia 15 de novembro, ele decidira sair de casa para fazer uma das coisas que mais gosta: dar uma volta de bike. O local escolhido foi a conhecida Trilha de Aroeira.

Em cima de sua bicicleta e com o capacete na cabeça, David disse a sua esposa, Sheila Campos, que não iria demorar e voltaria por volta das 12h30. Quando as setas opostas dos ponteiros dividiam o relógio ao meio e o ciclista ainda não havia chegado em casa, começou a preocupação. Sua esposa tentava contato com ele e seus amigos, mas sem sucesso. Por volta das 13h, o telefone tocou: David havia caído de bicicleta em um local de difícil acesso e fora encaminhado ao HPS.

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“Eu achei que era um tombo normal, mas quando entrei para vê-lo, um lado da face dele estava toda escura, e ele falou comigo que não sentia nada do peito para baixo. Mas até então não sabíamos a gravidade”, lembra Sheila. David sofreu uma série de fraturas após bater com a cabeça em uma árvore. Apesar de estar consciente, não conseguia movimentar nem sentir as duas pernas. Conduzido ao centro cirúrgico do Hospital Maternidade Therezinha de Jesus, ele foi submetido a exames que constaram a necessidade de tratamento do Trauma Raquimedular ao Nível de Coluna Torácica (TRM). O procedimento ocorreu sem intercorrência, mas a vida de David havia se transformado.

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Reaprendendo a viver

Sempre muito ativo, David trabalhava como motoboy e tinha uma rotina agitada, praticando jiu-jítsu, realizando trilhas de moto ou andando de bicicleta. De repente, se viu paraplégico, utilizando sonda, com escaras (lesão profunda na pele) nas costas e realizando fisioterapia para retomada dos movimentos de parte do corpo. Nesse momento, ele buscava unicamente forças para prosseguir na lenta recuperação e se adequar a um novo estilo de viver, o que pode levar até dois anos. Foi quando encontrou na solidariedade da comunidade de ciclistas um ponto de apoio para continuar o tratamento.

“Foram vários grupos de pessoas, até de fora da cidade. No dia que ele recebeu alta, a gente recebeu ligação de grupos para ajudar a arrecadar fundos. Houve um passeio no mês passado, na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, para arrecadar os donativos. Um outro grupo trouxe auxílio em valor. Eles têm ajudado muito, entrado em contato. Pessoas que eu nunca vi, mas ligam para perguntar do que nós estamos precisando”, relata a esposa.

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Sheila conta que o ciclista faz fisioterapia todos os dias, com três profissionais diferentes, e tem um enfermeiro para fazer os curativos e cuidar dos demais procedimentos necessários. Todas essas atividades são feitas sem custo para a família residente no Bairro Bonsucesso, na região Leste da cidade, graças ao voluntariado de pessoas que se conhecem do meio do ciclismo ou que se solidarizam com a causa.

Uma dessas pessoas é o também ciclista Allan Willian da Silva, 49 anos, que encontrou no esporte uma forma de superação e mudança de vida, como mostrou a edição do último domingo da Tribuna. Membro do Pedal dos Cabritos, ele conheceu a história de seu companheiro de pedal e resolveu organizar uma corrida para arrecadar fundos e materiais para ajudar a família. “Desde o ano passado já era para ter feito esse pedal. Resolvemos fazer agora, pois sabemos que a família está necessitando.”

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46km

O passeio, aberto ao público, acontece no próximo domingo (14), às 8h, saindo do Churrasco do Boi, na Rua Mariano Procópio, no bairro homônimo, com destino à Estrada da Remonta. O percurso tem 46km de extensão, com baixo nível de dificuldade, sentido rodoviária, Barreira e Remonta. No local, um carro de apoio estará reunindo materiais como gazes, lenço umedecido, micropore, óleo de girassol, álcool 70%, álcool em gel de farmácia, luvas tamanho P ou M e fralda geriátrica tamanho XG.

De acordo com Alan, mais de 60 ciclistas, de diferentes grupos, já confirmaram presença no passeio. O material arrecadado será entregue na parte da tarde para David. “São pessoas que a gente não conhece, que viram os vídeos, que se prontificaram a ajudar. Isso acontece todos os dias. É isso que tem feito a diferença e o estimulado cada dia mais”, ressalta Sheila.

Desde novembro, David tem avançado na recuperação, que pode durar até dois anos para a retomada completa dos movimentos. “Ele parou de sentir tudo do peito pra baixo. Hoje ele já sente ardência nos machucados, as pernas já mexem bem. Ele não consegue entender onde está mexendo, mas se a gente coloca algo gelado, a perna dele já pula”, disse Sheila, que segue torcendo para que a descompressão da medula continue em um ritmo acelerado, possibilitando a volta da sensibilidade e o controle dos movimentos de David.

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