Em 19 de fevereiro, um hospital de São Paulo realizou um procedimento híbrido inovador em uma paciente de 75 anos, visando reduzir os riscos da fibrilação atrial. A intervenção incluiu o fechamento do apêndice atrial esquerdo, uma região do coração propensa à formação de coágulos, e a realização de uma ablação, técnica que utiliza ondas de radiofrequência para corrigir a arritmia.
A fibrilação atrial é uma condição em que o átrio esquerdo do coração não se contrai de maneira sincronizada, causando tremores e prejudicando a circulação sanguínea. Isso pode levar ao acúmulo de sangue e à formação de coágulos, que, ao se deslocarem, têm o potencial de causar um acidente vascular cerebral (AVC). O apêndice atrial, uma extensão do átrio esquerdo, é frequentemente o local onde esses coágulos se originam.
Risco de AVC
Embora o uso de anticoagulantes seja a abordagem padrão para prevenir a formação de coágulos, alguns pacientes não podem tomá-los devido a comorbidades, como problemas vasculares. Nesse contexto, o procedimento híbrido surge como uma alternativa eficaz, combinando a ablação para tratar a arritmia e o fechamento do apêndice para evitar a formação de coágulos.
Este avanço, que já vem sendo utilizado em hospitais privados, passou a ser oferecido também pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O sucesso do procedimento pode beneficiar muitos pacientes com fibrilação atrial que têm contraindicações para o uso de anticoagulantes.
Apêndice do coração
O apêndice atrial, embora ainda não tenha sua função totalmente compreendida, é uma estrutura encontrada em cada átrio do coração. De acordo com Raul Arrieta, médico hemodinamicista do Incor (Instituto do Coração), algumas teorias sugerem que os apêndices podem ter um papel na regulação da pressão cardíaca.
No entanto, devido à sua função pouco clara e aos riscos envolvidos, esses apêndices são frequentemente comparados ao apêndice do intestino, cuja função também é desconhecida, mas que pode causar problemas, como a apendicite.
A remoção ou fechamento dos apêndices do coração não afeta a saúde do paciente. Em tratamentos que visam prevenir a formação de coágulos, um dispositivo de vedação pode ser colocado no local. Após o fechamento, o apêndice se atrofia, sem causar danos ao organismo.