Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Embrapa, criaram um fertilizante inovador à base de vidro, que pode revolucionar a agricultura sustentável e de precisão. Recentemente divulgado na revista ACS Agricultural Science & Technology, o estudo evidencia o grande potencial dessa tecnologia para transformar o setor agrícola no Brasil e no mundo.
Ao contrário dos fertilizantes tradicionais, essa nova formulação libera os nutrientes essenciais — como fósforo, potássio, silício, magnésio, boro e cálcio — de maneira controlada, o que reduz a necessidade de reaplicações frequentes e minimiza os danos ambientais associados ao uso excessivo dos fertilizantes convencionais.
Fertilizante de vidro
- Características do fertilizante vítreo: Liberação gradual e controlada dos nutrientes no solo.Evita a lixiviação, reduzindo o transporte de nutrientes para lençóis freáticos, rios e lagos.Previne a eutrofização e outros impactos ambientais negativos.Partículas de cerca de 1 mm, permitindo aplicação similar aos fertilizantes tradicionais.
- Resultados dos testes: Desempenho agronômico 70% superior ao fertilizante NPK convencional.Testes realizados in vitro e em casas de vegetação.Maior eficiência devido à liberação prolongada, que aumenta a absorção pelas plantas e reduz desperdícios.
- Origem e desenvolvimento: Baseado em pesquisas com vidros especiais que apresentavam baixa resistência à umidade.Característica antes vista como problema foi aproveitada para desenvolver a dissolução controlada no solo.Liderança do químico Danilo Manzani na equipe de pesquisa.Material criado para liberar nutrientes conforme a demanda das plantas.
Avanço no comércio
Embora o processo de fabricação do vidro em altas temperaturas impeça a inclusão direta de nitrogênio e enxofre, os pesquisadores desenvolvem técnicas de encapsulamento em biopolímeros para incorporá-los.
O fertilizante de vidro oferece maior eficiência agronômica e melhor aproveitamento dos nutrientes, reduzindo perdas e impactos ambientais em comparação aos fertilizantes convencionais, que absorvem apenas 20% a 30% dos nutrientes.
Apesar do custo inicial ser maior que o do NPK, a menor frequência de aplicação e a redução de desperdícios podem compensar o investimento. Com produção similar ao vidro comum, sua fabricação pode ser ampliada para escala industrial, e o lançamento comercial está previsto para um a dois anos.