O Vasco entra em campo nesta quarta-feira (8), na Venezuela, para enfrentar o Puerto Cabello pela Copa Sul-Americana. Mas o time carrega um peso muito maior do que a responsabilidade esportiva: enfrenta uma das maiores crises institucionais de sua história.
O clube está mergulhado em dívidas, sem direção clara no futebol e com disputas internas entre os próprios dirigentes. Há denúncias de agressões, tentativa de intimidação a jornalistas e conflitos políticos que lembram os piores tempos da gestão Eurico Miranda.
Dívida bilionária e recuperação judicial
Na última terça-feira (7), a diretoria apresentou o plano de pagamento aos credores, exigido pela recuperação judicial. Um dos pontos mais polêmicos foi a forma como o clube decidiu tratar uma dívida de R$ 23 milhões com o ex-presidente Jorge Salgado.
Ele, que liderou a venda de 70% da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) numa tentativa de salvar o Vasco da crise, receberá apenas 10% do valor que emprestou: pouco mais de R$ 2 milhões. O pagamento ainda pode se arrastar por até 19 anos, dependendo da taxa de juros, de 1% ou 3% ao ano.
Decisão causa revolta nos bastidores
A escolha de tratar Salgado como um credor comum gerou forte reação política. Para muitos, isso fere a tradição vascaína de reconhecer o apoio histórico de seus beneméritos. A decisão acirrou ainda mais as divisões dentro do clube, com opositores já se movimentando para as eleições de 2026.
Para se ter uma ideia da gravidade, é como se o Palmeiras reduzisse drasticamente os R$ 200 milhões que Paulo Nobre injetou no clube. Ou como se o clube negasse a pagar a dívida de mais de R$ 170 milhões com a patrocinadora Crefisa.
Pressão aumenta sobre a diretoria
Pedro Paulo, atual presidente do Vasco, enfrenta forte pressão. Além dos problemas financeiros e políticos, o time ainda precisa mostrar resultado dentro de campo para aliviar a tensão. A torcida está revoltada e as críticas só aumentam.
Enquanto isso, o futuro do clube parece cada vez mais incerto. A SAF, que deveria ser solução, virou novo motivo de discórdia. E a imagem do Vasco, centenária e respeitada, sofre com uma crise que parece longe do fim.