Pacientes que passaram por cirurgias de catarata em um mutirão realizado em Taquaritinga (SP) no dia 21 de outubro do ano passado enfrentaram complicações, como perda de visão, devido à aplicação incorreta de substâncias durante os procedimentos.
Uma apuração do Grupo Santa Casa de Franca, gestor do ambulatório médico de Taquaritinga, revelou que a equipe médica empregou clorexidina em vez de PVPI (iodo-povidona) na assepsia dos pacientes. Além disso, os produtos foram aplicados de forma incorreta, com a clorexidina sendo utilizada no selamento das incisões no lugar do soro Ringer, o que intensificou as complicações.
Investigação
Dos 23 pacientes submetidos à cirurgia, 12 tiveram complicações em um dos olhos e foram incluídos na fila de transplante de córnea do estado de São Paulo. A sindicância, iniciada em 28 de outubro, levou ao afastamento dos profissionais responsáveis, enquanto a Vigilância Sanitária interditou o setor de esterilização do ambulatório após constatar irregularidades.
A Secretaria Estadual da Saúde expressou pesar pelo incidente e iniciou uma investigação. De acordo com a instituição, os pacientes estão sendo acompanhados por equipes especializadas e recebendo o tratamento necessário. Já o Grupo Santa Casa de Franca reafirmou seu compromisso com a segurança dos pacientes e anunciou ações para aprimorar os protocolos cirúrgicos e prevenir novos erros.
Cirurgias de catarata
Em diferentes partes do Brasil, mutirões de cirurgias de catarata já resultaram em complicações semelhantes. Nos últimos 15 anos, erros nesses procedimentos levaram à perda parcial ou total da visão de ao menos 276 pessoas.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia ressalta que o SUS pode realizar as cirurgias de catarata de forma contínua ao longo do ano, tornando os mutirões desnecessários. Segundo a entidade, essas ações são frequentemente organizadas mais por questões burocráticas do que por uma real demanda emergencial.
Após a cirurgia de catarata, é fundamental seguir as orientações médicas para prevenir infecções e outras complicações. Os pacientes devem evitar contato direto com os olhos, aplicar corretamente os colírios prescritos e proteger a visão de agentes externos, como poeira e luz forte. Qualquer sinal de dor, vermelhidão ou secreção deve ser prontamente relatado aos profissionais de saúde para assegurar uma recuperação adequada.