O consumo de alimentos ultraprocessados tem se tornado cada vez mais comum devido à praticidade e ao sabor desses produtos. No entanto, estudos apontam que esse hábito pode trazer sérios riscos à saúde.
Segundo uma pesquisa da Fiocruz, 10% das mortes no Brasil em 2019 estavam diretamente relacionadas ao consumo exagerado desses alimentos, totalizando 57 mil óbitos anuais. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mantém uma lista atualizada dos alimentos ultraprocessados e do seu potencial cancerígeno.
O que são alimentos ultraprocessados?
A nutricionista Tayná Moura Santana, da rede de clínicas AmorSaúde, explica que os ultraprocessados são alimentos altamente industrializados, compostos por diversos ingredientes artificiais, como conservantes, corantes, aromatizantes e estabilizantes. Além disso, apresentam altos níveis de açúcar, gorduras e sódio, enquanto possuem baixo teor de fibras, vitaminas e minerais essenciais.
Esses alimentos são formulados para terem longa durabilidade e um sabor altamente atraente. Para isso, utilizam ingredientes orgânicos e modificados, como xaropes, proteínas hidrolisadas e gorduras hidrogenadas. O problema é que esses componentes podem impactar níveis de saúde, aumentando o risco de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e, segundo pesquisas recentes, câncer.
Como os ultraprocessados podem aumentar o risco de câncer?
Os ultraprocessados contêm uma combinação de substâncias que podem contribuir para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer. A nutricionista destaca alguns fatores preocupantes:
- Presença de substâncias cancerígenas: Durante o processamento industrial, compostos químicos como acrilamida, nitritos e aminas heterocíclicas podem ser formados. Essas substâncias são reconhecidas pela OMS como potenciais cancerígenas.
- Excesso de aditivos químicos: Conservantes, emulsificantes e corantes artificiais podem alterar a microbiota intestinal, comprometendo a imunidade e melhorando processos inflamatórios.
- Altos níveis de açúcar e gorduras ruinosas: Esses componentes específicos para a obesidade, condição que está associada ao aumento do risco de câncer, principalmente de mama, fígado e intestino.
- Processos inflamatórios: O consumo frequente desses alimentos pode levar a uma inflamação crônica no organismo, criando um ambiente favorável para o crescimento de células cancerígenas.
Principais exemplos de ultraprocessados
Entre os alimentos ultraprocessados mais consumidos no dia a dia estão:
- Refrigerantes e sucos artificiais
- Salgadinhos de pacote
- Bolachas recheadas e biscoitos industrializados
- Embutidos como salsicha, presunto, mortadela e salame
- Macarrão instantâneo
- Cereais matinais açucarados
- Pratos prontos congelados, como lasanhas, nuggets e hambúrgueres industrializados
Embora pareçam práticos e saborosos, esses produtos possuem uma composição química que pode prejudicar a saúde quando consumidos com frequência.
As armadilhas do marketing e como evitá-las
A indústria alimentícia investe fortemente em estratégias de marketing para tornar os ultraprocessados mais interessantes ao consumidor. Termos como “light”, “zero açúcar”, “proteico” e “natural” podem induzir a uma falsa impressão de que esses produtos são saudáveis.
Para evitar essas armadilhas, a recomendação é sempre analisar o rótulo dos alimentos:
- Prefira produtos com menos ingredientes: Quanto menor a lista de componentes, menos processado é o alimento.
- Evite substâncias artificiais: Nomes como maltodextrina, glutamato monossódico, xarope de glicose e corantes artificiais indicam alto nível de processamento.
- Observe a quantidade de açúcar e sódio: Muitas vezes, esses componentes aparecem ocultos sob diferentes nomenclaturas.
- Escolha alimentos integrais: Produtos com ingredientes naturais, como castanhas, frutas secas e cereais integrais, são alternativas.
Alternativas mais saudáveis
Mesmo com a rotina corrida, é possível substituir os ultraprocessados por opções mais nutritivas. Algumas sugestões incluem:
- Frutas frescas ou secas sem açúcar adicionado
- Castanhas, nozes e amêndoas sem sal ou temperos artificiais
- Iogurte natural sem açúcar com chia e granola caseiro
- Pipoca caseira com pouco sal e azeite
- Palitos de cenoura e pepino com homus
- ovos cozidos
- Chocolate amargo com no mínimo 70% de cacau e sem açúcar adicionado
Além disso, ao escolher lanches prontos, é importante priorizar aqueles com baixo teor de açúcar adicionado e sem adoçantes artificiais. A qualidade das gorduras também deve ser observada, evitando produtos com gorduras trans ou hidrogenadas.
Com consciência e planejamento, é possível adotar uma alimentação equilibrada e garantir mais qualidade de vida.