A ideia de um megatsunami atravessando o Atlântico para atingir o litoral brasileiro foi popularizada pela série da Netflix “Inferno em La Palma”. A trama parte do estudo de 2001 que sugeria que o colapso do vulcão Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias, poderia gerar ondas gigantes capazes de alcançar o Brasil.
No entanto, pesquisas mais recentes mostraram que essa possibilidade é altamente improvável. Estudos geológicos feitos nas últimas duas décadas revelaram que o vulcão Cumbre Vieja tende a liberar pequenos deslizamentos de terra de forma gradual, e não um colapso súbito e massivo como imaginado no passado.
Além disso, nenhum dos eventos vulcânicos históricos nas Ilhas Canárias foi capaz de gerar ondas que cruzassem o Atlântico em direção ao Brasil. Essas descobertas posicionam a hipótese do megatsunami do Atlântico no campo da ficção.
Estabilidade geológica do Brasil
Diferentemente de regiões vulneráveis como o Japão, Chile e Indonésia, o Brasil está situado sobre a placa tectônica Sul-Americana, uma das mais estáveis do planeta.
A ausência de falhas ativas próximas ao litoral brasileiro impede o acúmulo de energia suficiente para provocar grandes terremotos e, consequentemente, tsunamis. Embora tremores leves possam ser registrados ocasionalmente, eles não representam ameaça significativa para a população ou para as estruturas construídas com critérios adequados.
Tsunami de 1755
Apesar da estabilidade geológica atual, o Brasil não está completamente livre da história dos tsunamis. Em 1º de novembro de 1755, o litoral do Nordeste foi atingido por um tsunami gerado por um dos maiores terremotos já registrados na Europa, ocorrido em Lisboa.
As ondas, embora modestas em altura, entre 1 e 2 metros, penetraram até 4 quilômetros no continente, causando destruição localizada e o desaparecimento de duas pessoas. Pesquisas recentes confirmaram a ocorrência desse evento, antes conhecido apenas por relatos históricos e documentos da época.
Por que um novo Tsunami é improvável no Brasil?
Mesmo que um terremoto semelhante ao de 1755 acontecesse novamente em Lisboa, a possibilidade de que um tsunami dessa magnitude atinja o Brasil com consequências devastadoras é extremamente remota.
Isso se deve à distância, à configuração do fundo oceânico e à dispersão da energia das ondas no Atlântico Sul. Assim, embora teoricamente possível, a probabilidade prática desse tipo de desastre natural é muito baixa.
Comparação com regiões de alto risco e a realidade brasileira
Em zonas tectonicamente ativas, onde placas convergem e colidem, terremotos e tsunamis são eventos frequentes e potencialmente catastróficos. No Brasil, a ausência dessas dinâmicas torna o país um dos lugares mais seguros do mundo contra esses fenômenos.
Os sistemas de monitoramento sismológico existentes atuam para detectar e informar eventuais atividades sísmicas, mas não há registros nem expectativa de tsunamis de grande escala.
A ciência como ferramenta contra o medo e a desinformação
Em tempos de notícias falsas e alarmismos, é fundamental confiar nos dados científicos e na pesquisa rigorosa. O estudo constante da geologia, aliado a modelos computacionais avançados, mantém o conhecimento atualizado e garante que a população não seja vítima do pânico infundado.
A colaboração entre cientistas brasileiros e internacionais reforça a segurança e o preparo diante de possíveis eventos naturais.
A melhor dica é manter-se informado por fontes confiáveis e apoiar o avanço da ciência para proteger nossas comunidades com conhecimento sólido e ações preventivas.