Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, investigou como o cérebro processa e interpreta a arte abstrata. Os resultados da pesquisa foram divulgados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em abril de 2025.
A pesquisa revelou que, ao observar obras de arte abstrata, as emoções e memórias pessoais dos espectadores têm um papel fundamental na atribuição de significados, indicando que a interpretação dessas obras vai além da intenção do artista, sendo influenciada pela experiência individual de cada observador.
Arte abstrata e o cérebro
Os cientistas associam o fenômeno ao conceito de “Beholder’s Share“, que sugere que cada pessoa interpreta a arte de maneira única. Daphna Shohamy, coautora do estudo da Universidade de Columbia, afirma que a pesquisa mostra que a interpretação da arte abstrata está vinculada à atividade cerebral, com base em ressonância magnética funcional (fMRI).
O estudo, que acompanhou 59 participantes observando obras abstratas e realistas, revelou que a rede de modo padrão, ligada à imaginação e memórias, foi ativada nas obras abstratas. Além disso, a arte abstrata gerou uma sensação de “distância psicológica”, levando os espectadores a se conectar com conceitos amplos, em vez de detalhes, como ocorre na arte realista.
Contemplação
Os pesquisadores observaram que, ao contemplar uma pintura abstrata, o movimento dos olhos do espectador tende a ser mais abrangente, explorando a obra como um todo, em vez de focar em detalhes específicos. Esse comportamento é caracterizado como uma “estratégia exploratória”, onde o observador procura atribuir significado e valor à pintura.
Os achados indicam que a arte abstrata pode alterar o estado cognitivo e emocional do espectador, estimulando uma introspecção mais profunda e permitindo a exploração de sentimentos e ideias. A pesquisa sugere ainda que a interação com obras abstratas pode ajudar as pessoas a perceber com mais clareza emoções e conceitos que, de outra forma, estariam ocultos no cotidiano.