A cidade do Rio de Janeiro vive uma escalada preocupante no número de acidentes envolvendo bicicletas elétricas, patinetes e outros conhecidos como veículos leves de micromobilidade.
O crescimento do uso desses meios de transporte, considerados sustentáveis e práticos para curtas distâncias, tem sido acompanhado por um aumento expressivo nas ocorrências registradas nos hospitais da rede pública e privada da capital.
Rio de Janeiro enfrenta alta no número de acidentes com bicicletas e patinetes
Dados da Comissão de Segurança no Ciclismo, com base em informações da Secretaria Municipal de Saúde obtidas via Lei de Acesso à Informação, mostram que os acidentes com veículos autopropelidos e ciclomotores saltaram de 274 casos em 2023 para 2.199 em 2024 — uma alta de 702%.
Este número exclui os acidentes com bicicletas convencionais, que por sua vez apresentaram pequena queda, passando de 1.876 para 1.721 atendimentos no mesmo período. E
m unidades privadas, como o Hospital Glória D’Or, também se notou crescimento: o número de feridos por esse tipo de veículo aumentou em 50% no último ano.
A popularização desses veículos ganhou força após a aprovação da Resolução 996 do Contran, em julho de 2023, que definiu as categorias da micromobilidade, os limites de velocidade e os locais de circulação. A nova legislação deu impulso ao mercado, permitindo um salto nas importações e vendas.
Contudo, especialistas apontam que a regulamentação federal sobre bicicletas e patinetes elétricos não foi acompanhada de fiscalização efetiva por parte da Prefeitura do Rio, o que gerou um ambiente de uso desordenado.
Usuários de ciclovias relatam insegurança com bicicletas e patinetes elétricos
Enquanto isso, usuários de ciclovias relatam insegurança. Relatos de idosos atropelados por bicicletas e patinetes elétricos, uso inadequado dos veículos e desrespeito às regras são frequentes.
Crianças pilotando patinetes, pessoas transportando passageiros de forma irregular e ciclomotores circulando em áreas proibidas indicam um cenário de descontrole.
Apesar da aprovação de um projeto de lei municipal para regulamentar o uso desses veículos, sua efetiva implementação ainda depende de regulamentação pelo Executivo. Sem punição formal, a atuação dos agentes municipais se limita à orientação.
Especialistas e representantes do setor apontam que a solução passa por ações combinadas: educação para o uso consciente, sinalização clara e fiscalização ativa.
Iniciativas como campanhas de conscientização e treinamentos gratuitos, como os realizados por empresas do setor, são vistas como caminhos promissores para evitar novos acidentes e garantir a segurança de todos nas vias urbanas.