A Polícia Federal investiga o desvio de R$ 48,7 milhões pagos pelo Consórcio Nordeste em 2020 para a compra de 300 respiradores pulmonares. Os equipamentos nunca foram entregues, e o valor foi usado em despesas pessoais, como a compra de carros de luxo e pagamento de cartões de crédito.
A empresa Hempcare, contratada para fornecer os respiradores, recebeu o pagamento integral, mas repassou os valores a diversas contas sem qualquer relação com a compra dos equipamentos.
Entre abril e maio de 2020, os recursos foram usados para adquirir um SUV Volkswagen Touareg, um caminhão Mercedes-Benz e um Mitsubishi ASX. Também foram quitadas faturas de cartão de crédito que somavam R$ 150 mil. Além disso, parte do dinheiro foi usada para pagar mensalidades escolares dos filhos de um dos investigados.
Empresa não tinha experiência no setor
Mesmo sem experiência na venda de respiradores, a Hempcare foi contratada pelo Consórcio Nordeste. Nenhum dos 300 ventiladores pulmonares foi entregue, e até hoje o valor pago não foi recuperado.
A investigação aponta que ao menos R$ 5 milhões foram transferidos a empresas sem qualquer envolvimento com o fornecimento dos equipamentos.
A dona da Hempcare, Cristiana Taddeo, firmou acordo de delação premiada. Segundo ela, parte do dinheiro foi usada para pagar comissões milionárias a lobistas que teriam ajudado a viabilizar o contrato com o governo da Bahia. A Polícia Federal apura se servidores públicos também receberam valores.
Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) isentou de culpa o atual ministro Rui Costa, que na época era governador da Bahia, e Carlos Gabas, ex-secretário-executivo do Consórcio Nordeste. A decisão contrariou parecer técnico do próprio tribunal, que apontava irregularidades e recomendava aplicação de multa.
Processo volta ao STJ
Como Rui Costa deixou o cargo de governador e perdeu o foro especial, a Justiça Federal da Bahia decidiu devolver o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em nota, a assessoria de Rui Costa informou que, ainda como governador, ele mandou abrir uma investigação pela Polícia Civil da Bahia e defende que os responsáveis sejam punidos.