Atafona, um distrito localizado no município de São João da Barra, no Rio de Janeiro, está desaparecendo. O avanço do mar sobre a terra já destruiu ruas, casas e infraestruturas essenciais, forçando moradores a abandonarem suas residências e suas histórias.
O fenômeno, que se intensificou ao longo das últimas décadas, é impulsionado por uma combinação de fatores naturais e intervenções humanas, tornando-se um dos casos mais graves de erosão costeira no Brasil.
O avanço do mar e a destruição de Atafona
Atafona já perdeu dezenas de quarteirões para o oceano. Casas inteiras foram engolidas pelas águas, postes de eletricidade tombaram, ruas desapareceram e estabelecimentos comerciais simplesmente deixaram de existir. O cenário, que antes era um ponto turístico e um local de vida tranquila, se transformou em um campo de ruínas.
A cada ano, as águas avançam ainda mais, reduzindo o tamanho do distrito e intensificando o sofrimento dos moradores. Muitos já deixaram a região, enquanto outros resistem, vivendo sob a constante ameaça de perder o pouco que ainda resta.
Principais causas da erosão em Atafona
A destruição em Atafona é resultado de um conjunto de fatores, tanto naturais quanto humanos. Entre os principais responsáveis pelo avanço do mar, destacam-se:
- Construção de barragens no Rio Paraíba do Sul: Ele transportava sedimentos que ajudavam a repor a areia da praia, criando uma barreira natural contra a erosão. No entanto, a construção de barragens ao longo do rio reduziu drasticamente esse transporte de sedimentos, deixando a orla desprotegida contra a força das ondas.
- Extração descontrolada de areia: A retirada excessiva de areia na região contribuiu significativamente para o problema. Esse material, essencial para manter a estrutura natural da praia, foi removido ao longo dos anos, tornando o solo mais vulnerável à ação do mar.
- Mudanças climáticas e elevação do nível do mar: O aquecimento global tem intensificado fenômenos climáticos extremos e causado o aumento do nível dos oceanos. Relatórios da ONU apontam que, nas últimas três décadas, o nível do mar subiu cerca de 13 centímetros na região e pode aumentar até 21 centímetros até 2050. Esse fator intensifica ainda mais a erosão, agravando a destruição costeira.
- Dinâmica natural da foz do rio: Além das interferências humanas, a localização geográfica de Atafona também contribui para o fenômeno. A foz do Rio Paraíba do Sul é uma região de grande instabilidade natural, sujeita a alterações constantes no encontro entre o rio e o mar. Esse fator, somado às mudanças climáticas e à falta de sedimentos, acelera o avanço do oceano sobre o continente.
Existe solução para Atafona?
Diante da gravidade do problema, autoridades, pesquisadores e a população local discutem alternativas para conter ou, ao menos, retardar o avanço do mar. Algumas das principais propostas incluem:
- Construção de barreiras artificiais: A instalação de estruturas como diques e quebra-mares pode ajudar a dissipar a força das ondas e reduzir a erosão. Essa estratégia já foi adotada em diversas partes do mundo, com diferentes níveis de sucesso.
- Reposição de areia: Em algumas regiões, a reposição artificial de areia tem sido utilizada para reconstruir áreas costeiras afetadas pela erosão. No entanto, essa solução exige grandes investimentos e precisa ser repetida periodicamente.
- Realocação de moradores Diante da velocidade da destruição, muitos especialistas acreditam que a solução mais viável é transferir os moradores para áreas seguras. Essa medida, embora difícil, pode ser a única alternativa para evitar mais perdas humanas e materiais.
- Controle da extração de sedimentos: Restringir a retirada de areia e buscar maneiras de restaurar o fluxo de sedimentos do Rio Paraíba do Sul são medidas essenciais para tentar reequilibrar a região a longo prazo.
A tragédia que atinge Atafona não é um caso isolado. Em diversas partes do mundo, cidades litorâneas enfrentam problemas semelhantes devido à elevação do nível do mar e à intervenção humana no meio ambiente. Relatórios internacionais alertam que, se nenhuma ação for tomada, milhões de pessoas ao redor do mundo poderão perder suas casas nos próximos anos.
A situação de Atafona deve servir como um alerta para o Brasil e para o mundo. O impacto das mudanças climáticas e da exploração descontrolada dos recursos naturais já está sendo sentido, e os efeitos tendem a se agravar.