A praia do Segredo, localizada em Natal, Rio Grande do Norte, famosa por sua beleza intocada e afastada, revela um sério problema ambiental. Em uma caminhada realizada em dezembro, a equipe da BBC News Brasil encontrou várias embalagens de produtos originários de países asiáticos, como China, Indonésia, Malásia e Coreia do Sul, espalhadas pela areia.
Entre os objetos encontrados, estavam garrafas de bebidas não alcoólicas, produtos de limpeza e frascos de óleo de motor. Muitas dessas embalagens estavam em bom estado, com rótulos em caracteres asiáticos, indicando que a maior parte do lixo era proveniente da Ásia, embora também tenham sido encontrados produtos fabricados no Brasil, nos Estados Unidos e em alguns países africanos.
Lixo asiático
A razão para o acúmulo de lixo asiático nas praias brasileiras está na grande movimentação de navios entre o Brasil e a Ásia. De acordo com Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP e especialista em poluição marinha, é provável que os resíduos sejam descartados por embarcações que transportam mercadorias entre os dois continentes.
Para cortar custos com a remoção de resíduos, muitos navios recorrem ao descarte no mar, especialmente aqueles que não fazem a separação adequada dos materiais. Esse material é descartado próximo aos portos de origem e, com o auxílio das correntes marítimas, acaba chegando às praias brasileiras, principalmente nas mais isoladas e menos visitadas.
Descarte inadequado nas praias
O descarte irresponsável de lixo no mar gera diversos impactos prejudiciais, incluindo a degradação do turismo e sérios danos à fauna marinha, com animais correndo o risco de asfixia ou morte ao ingerirem ou se enredarem em resíduos. Além disso, os detritos plásticos causam danos aos motores e sistemas de navegação.
Ingrid Zanella, professora de direito marítimo da UFPE, destaca que a poluição nos mares deve ser uma prioridade para as autoridades brasileiras. Ela propõe um reforço na fiscalização do Ibama e da Marinha, juntamente com punições mais severas para os infratores. A professora também aponta que, apesar da questão ser global, o Brasil ainda não dedica a atenção necessária ao problema.