A Polícia Civil de São Paulo identificou indícios de fraude e lavagem de dinheiro no contrato de patrocínio firmado entre o Corinthians e a empresa de apostas Vaidebet.
Segundo as investigações, o presidente do clube, Augusto Melo, e outros três integrantes ligados à diretoria foram indiciados por participação em um esquema que teria desviado recursos financeiros da instituição.
Todos os acusados negam qualquer envolvimento em práticas ilícitas.
Polícia aponta fraude e lavagem de dinheiro em contrato do Corinthians
O caso ganhou notoriedade após a análise de repasses relacionados à comissão paga pelo contrato milionário entre o Corinthians e a Vaidebet, firmado no início de 2024.
De acordo com o inquérito conduzido pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), cerca de R$ 1 milhão, provenientes de duas parcelas de R$ 700 mil pagas à empresa intermediadora Rede Social Media Design Ltda., não tiveram destinação compatível com os serviços supostamente prestados.
A investigação aponta que essa quantia foi movimentada entre diversas empresas até chegar à UJ Football Talent Intermediação Ltda., apontada em delações premiadas como ligada a membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa atuante em várias frentes ilícitas.
O nome de Danilo Lima de Oliveira, conhecido como “Tripa”, surge nesse contexto como sócio de empresas que estariam envolvidas com o esquema.
O delegado responsável pela apuração destaca que a entrada de Alex Cassundé, dono da Rede Social Media Design, no contrato foi estratégica para possibilitar o desvio do dinheiro.
Ainda segundo a polícia, dirigentes do Corinthians agiram de forma coordenada para afastar do processo de intermediação outros envolvidos legítimos, garantindo que a comissão fosse direcionada à empresa de Cassundé.
A partir daí, os valores foram pulverizados em empresas de fachada, incluindo uma registrada em nome de uma suposta “laranja” — uma empregada doméstica residente no litoral paulista que afirmou desconhecer sua participação societária.
Envolvidos negam participação nas irregularidades entre Corinthians e Vaidebet
A defesa de Augusto Melo classificou o indiciamento como precipitado e injusto, alegando que o presidente apenas encaminhou o contrato para análise e aprovação dos setores competentes do clube.
Melo, segundo sua equipe jurídica, foi responsável por fechar o maior contrato de patrocínio da história do futebol sul-americano, agindo com total transparência.
O Corinthians, por sua vez, reiterou que é vítima de um esquema criminoso articulado por terceiros e declarou que sempre cumpriu rigorosamente suas obrigações legais e contratuais.
A empresa UJ Football Talent, mencionada no relatório policial, afirmou que não tem qualquer ligação com o crime organizado e que colabora integralmente com as autoridades.