Em fevereiro de 2022, estações sismográficas do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) detectaram dois tremores de terra em regiões do Nordeste brasileiro.
O primeiro, com magnitude preliminar de 1.3 mR, ocorreu próximo ao município de São João da Fronteira, no estado do Piauí, às 0h30 (hora local). O segundo evento, com magnitude preliminar de 1.7 mR, foi registrado pouco depois, às 1h49 (hora local), na região de Irauçuba, no Ceará.
Contexto geográfico e histórico dos tremores na região
São João da Fronteira está situada a aproximadamente 240 km da capital Teresina, em uma área até então pouco associada a atividades sísmicas. Já o Ceará tem um histórico recente de tremores, como o evento de magnitude 2.4 mR ocorrido em Canindé, que foi sentido pela população local.
No entanto, até o momento, não há relatos sobre moradores de São João da Fronteira e Irauçuba terem sentido os tremores recentes.
Natureza dos tremores no Brasil
De acordo com o geógrafo Werton Costa, os tremores registrados no Brasil são considerados os mais fracos possíveis. O motivo principal está na localização geológica do país: o Brasil está situado no centro da Placa Sul-Americana, longe das bordas ativas das placas tectônicas, onde geralmente ocorrem terremotos fortes e vulcões.
Esses tremores não têm origem vulcânica nem tectônica clássica, como os que ocorrem em regiões como Japão, Peru, Havaí ou Califórnia, onde o movimento das placas e atividade vulcânica geram eventos sísmicos muito mais intensos.
Origem dos tremores brasileiros
O especialista explica que os tremores no Brasil são causados por ajustes isostáticos, isto é, pela acomodação dos blocos rochosos da crosta terrestre em resposta a forças internas. Essas movimentações são geralmente causadas por falhas geológicas no solo, que são fraturas naturais na crosta terrestre.
Por isso, mesmo estando longe das bordas das placas, o solo brasileiro pode apresentar esses tremores, embora eles sejam pequenos e geralmente imperceptíveis para a população.
O que esperar?
Embora esses tremores possam acontecer com certa regularidade, não há risco de eventos de grande magnitude capazes de causar danos estruturais ou colocar vidas em risco. Isso porque a região não possui os mecanismos geológicos que provocam terremotos destrutivos.
Assim, os moradores podem ficar tranquilos quanto à segurança, mesmo com a ocorrência desses pequenos abalos, que fazem parte do funcionamento natural da crosta terrestre.
Monitoramento contínuo
O Laboratório Sismológico da UFRN mantém um sistema de monitoramento em tempo real das atividades sísmicas na região Nordeste do Brasil. Essa vigilância é fundamental para a detecção precoce de qualquer atividade incomum e para informar autoridades e população sobre possíveis riscos.
Essa atuação também contribui para estudos científicos que aprofundam o conhecimento sobre a dinâmica geológica das regiões interiores do país.