A cracolândia, conhecida zona de uso e tráfico de drogas no centro de São Paulo, voltou a ser pauta nacional após uma série de operações deflagradas pelas forças de segurança do estado e do município.
Segundo dados divulgados por órgãos oficiais, como a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a ação mais recente ocorreu na última terça-feira (13), com o esvaziamento da Rua dos Protestantes, até então principal ponto de concentração de usuários.
As operações contaram com a participação da Polícia Militar, da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e de agentes de saúde e assistência social. O objetivo declarado foi interromper o fluxo de drogas e usuários no centro da capital e, com isso, desarticular a atuação do crime organizado na região.
É importante mencionar que a movimentação surpreendeu boa parte da imprensa e lideranças políticas por ter sido mantida sob sigilo até sua execução.
As autoridades afirmam que a ofensiva gerou impactos positivos, como a prisão de traficantes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e a interrupção no fornecimento de entorpecentes. Já entidades sociais, como a Craco Resiste, denunciam o uso excessivo da força e classificam as ações como forma de “tortura urbana”.
Dispersão e críticas ao modelo repressivo
É importante mencionar que o esvaziamento da cracolândia não é um fenômeno inédito. Conforme alertam profissionais de saúde e entidades sociais, os fluxos de usuários historicamente migram dentro da cidade em resposta a ações repressivas.
Registros recentes apontam que os usuários se dispersaram por diferentes pontos da região central, como os viadutos Diário Popular e Júlio de Mesquita Filho, além de ruas do Bom Retiro e do Glicério.
Vale mencionar que, embora o prefeito Ricardo Nunes e o governador Tarcísio de Freitas tenham comemorado os resultados, especialistas alertam para a possibilidade de repetição de ciclos anteriores, em que ações pontuais provocam apenas o deslocamento temporário dos usuários, sem resolver o problema estrutural.
Outro detalhe importante é a participação da favela do Moinho, considerada um ponto estratégico para o tráfico. Com ações concentradas na comunidade, houve reflexo direto na disponibilidade de drogas, impactando o movimento da cracolândia.
Segundo as autoridades, esse “estrangulamento logístico” contribuiu para o aumento das internações de dependentes químicos nas últimas semanas.
Políticas públicas para a cracolândia
Dessa forma, o debate sobre a eficácia das medidas se intensifica. Parte da sociedade civil defende estratégias de redução de danos, como as implantadas em gestões anteriores, enquanto o atual governo aposta em um modelo de repressão combinada com acolhimento.