É comum que adultos queiram expressar afeto por recém-nascido com beijos e abraços, mas é essencial ter cautela para proteger a saúde dos pequenos. Áreas como as mãos, os pés e o rosto do bebê são particularmente sensíveis, pois costumam ser levadas à boca, facilitando a entrada de germes.
Durante os primeiros quatro meses de vida, o sistema imunológico do recém-nascido ainda está em formação e não é capaz de reagir com eficácia contra agentes infecciosos. Isso o torna mais suscetível a vírus, bactérias e outros microrganismos, mesmo quando quem transmite o contato está assintomático. Por isso, é importante equilibrar o carinho com cuidados básicos de higiene e prevenção.
Vulnerabilidade dos recém-nascidos
O vírus do herpes simples merece atenção especial, pois pode ser transmitido mesmo na ausência de lesões visíveis e provocar complicações sérias, como o herpes ocular — uma infecção que pode comprometer a visão e, em casos graves, causar cegueira. Da mesma forma, infecções respiratórias, como a influenza, podem ser contagiosas mesmo antes dos primeiros sintomas se manifestarem.
Na realidade, os riscos de contaminação para os recém-nascidos frequentemente estão dentro do próprio lar. Irmãos mais velhos que frequentam a escola ou a creche, por exemplo, podem trazer vírus para casa, e a entrada precoce do bebê em ambientes coletivos também eleva as chances de exposição a agentes infecciosos.
Apesar de os bebês começarem a ser vacinados ainda nos primeiros dias de vida, a proteção conferida pelas vacinas só se fortalece algumas semanas depois, sendo mais eficaz após o segundo ciclo de imunização — etapa que, em geral, se completa por volta dos quatro meses de idade.
Contato com os bebês
Isso não quer dizer que beijos e carinhos devem ser evitados completamente. Pelo contrário, o contato físico com os pais e cuidadores é fundamental para o fortalecimento do vínculo emocional e o crescimento saudável do recém-nascido. Contudo, quando há sinais de doenças, mesmo que sejam apenas resfriados leves, é essencial tomar precauções, como o uso de máscara e a lavagem constante das mãos.
A pediatra Débora Ariela Kalman, do Hospital Albert Einstein, em entrevista ao VivaBem, aconselha que familiares e visitantes também reflitam sobre suas atitudes: se o gesto de carinho for mais benéfico para o adulto do que para a criança, é melhor reconsiderá-lo.