O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) surpreendeu a comunidade acadêmica mundial ao anunciar, na quinta-feira (22), que a Universidade de Harvard está proibida de matricular estudantes estrangeiros a partir do ano letivo de 2025-2026.
Vale lembrar que a decisão, tomada pelo governo de Donald Trump, afeta diretamente milhares de alunos internacionais, incluindo brasileiros, que já estão matriculados ou que pretendiam ingressar na instituição nos próximos meses.
Segundo comunicado oficial do DHS, a revogação da Certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVP) impede que Harvard emita os vistos F e J, necessários para que estrangeiros estudem legalmente nos Estados Unidos. Com isso, quem não concluir o curso até este semestre precisará se transferir para outra universidade americana ou deixar o país.
Outro detalhe importante e que precisa ser mencionado é que a medida é vista como retaliação direta às recentes recusas de Harvard em cumprir exigências do governo Trump, que incluem a entrega de dados internos, como registros disciplinares de alunos e materiais de manifestações realizadas no campus.
Dessa forma, a universidade classificou a decisão como “ilegal” e “uma violação flagrante” da Constituição dos Estados Unidos.
Tensões entre governo Trump e Harvard
O embate entre a gestão de Donald Trump e Harvard não é recente. A universidade tem sido uma das principais vozes contrárias às políticas do atual governo, especialmente nas áreas de diversidade, inclusão e liberdade acadêmica.
Isso porque, desde o início do mandato, Trump tem adotado medidas para pressionar instituições de ensino que, segundo ele, não alinham suas práticas às diretrizes federais.
Outro detalhe importante é que, segundo o governo americano, Harvard estaria fomentando ambientes considerados “hostis”, com acusações que envolvem desde antissemitismo até supostos vínculos com o Partido Comunista Chinês, alegações que a universidade nega veementemente.
Além disso, a decisão gerou reações imediatas. Estudantes estrangeiros manifestaram preocupação, especialmente aqueles que dependem do visto para permanecer no país ou que já haviam fechado contratos de moradia e até recebido ofertas de trabalho futuras.
Justiça americana entra em cena
Diante do impacto, Harvard ingressou com uma ação no Tribunal Federal de Boston na manhã desta sexta-feira (23), buscando reverter a medida. Paralelamente, um juiz federal da Califórnia emitiu uma liminar que impede, por ora, que o governo aplique nacionalmente a revogação dos registros dos estudantes internacionais.
É importante mencionar que essa decisão judicial representa um alívio temporário, mas não resolve definitivamente o impasse. Isso porque o governo Trump sinalizou que a reversão da medida dependerá do cumprimento de uma série de exigências administrativas, algumas consideradas invasivas pela comunidade acadêmica.
Dessa forma, o futuro de aproximadamente 7.000 alunos internacionais em Harvard segue incerto, enquanto o cenário evidencia como a política imigratória e educacional dos EUA segue sendo utilizada como instrumento de pressão em disputas políticas internas.