O uso de roupas verdes ou azuis por médicos e cirurgiões durante procedimentos hospitalares já se tornou algo habitual. Mas a escolha desses tons vai além da aparência ou de convenções. De acordo com especialistas, há explicações científicas, oftalmológicas e psicológicas que justificam a preferência por essas cores nas salas de cirurgia.
Historicamente, os trajes médicos eram brancos, cor associada à higiene e pureza, mas no início do século XX, um médico norte-americano notou que o branco intenso refletia excessivamente a luz, causando desconforto visual durante os procedimentos. Em busca de maior conforto para os olhos, ele passou a usar o verde, e essa mudança, inicialmente isolada, se espalhou entre outros profissionais, tornando-se uma prática comum em centros cirúrgicos globalmente.
Roupas que ajudam na visão
Atualmente, estudos científicos confirmam que a troca do branco pelo verde e azul tem base sólida. De acordo com John Werner, psicólogo da visão da Universidade da Califórnia, essas cores se encontram no lado oposto ao vermelho no círculo cromático. Como o vermelho domina o campo visual durante uma cirurgia — devido à presença de sangue e tecidos internos —, as cores opostas servem para aliviar a visão dos profissionais, que permanecem longos períodos expostos aos mesmos tons.
O excesso de exposição ao vermelho pode provocar fadiga ocular e até gerar ilusões visuais, como manchas esverdeadas ao olhar para áreas claras. O uso de roupas verdes ou azuis atua na redução desses efeitos, ajudando a evitar distrações e favorecendo a precisão nos procedimentos. “Esses tons proporcionam descanso aos olhos e contribuem para uma percepção mais nítida dos detalhes durante as cirurgias”, afirma Werner.
Outros aspectos médicos
Além dos benefícios para a visão, os tons de verde e azul também apresentam vantagens práticas. Essas cores disfarçam melhor as manchas de sangue e fluidos corporais em comparação com o branco, o que ajuda a manter os uniformes com uma aparência mais limpa durante a cirurgia. Além disso, esses tecidos são mais duráveis, resistindo melhor às lavagens intensas exigidas pelos processos de esterilização hospitalar.
Do ponto de vista psicológico, o verde e o azul estão ligados à sensação de calma, confiança e segurança, o que favorece a criação de um ambiente mais equilibrado tanto para os profissionais quanto para os pacientes. Nas décadas de 1950 e 1960, o uso dessas cores se consolidou como padrão internacional, facilitando a padronização e identificação das equipes médicas nos centros cirúrgicos.