Era 1460, no norte da Itália, o Duque Francesco Sforza olhava para as ruínas de uma antiga fortaleza medieval. Ele precisava de um palácio que fosse digno de seu título e status.
Decidiu transformar o que restava da fortaleza num grandioso castelo, com paredes que exalavam poder e elegância. O Castelo Sforza, como ficou conhecido, se tornaria não apenas uma residência, mas também um símbolo de prestígio.
Mas uma lenda surgiria logo depois, algo que iria além da arquitetura grandiosa: um mistério subterrâneo que até hoje ecoa pelas paredes do castelo. Diz-se que, sob o Castelo Sforza, Francesco planejou uma rede secreta de passagens e túneis.
E o mais surpreendente? Leonardo da Vinci, com seu talento visionário, teria deixado uma pista para revelar esse enigma.
O desenho que guardava um segredo
Em 1482, Leonardo foi convidado a trabalhar no castelo, a pedido do sucessor de Francesco, Ludovico Sforza. Não se tratava apenas de arte, Leonardo foi encarregado de projetar aspectos arquitetônicos do castelo, inclusive decorando a famosa Sala delle Asse e criando o projeto de um monumento em homenagem ao duque Francesco.
O que ninguém imaginava é que Leonardo, sempre atento aos detalhes, esboçou algo mais do que um simples projeto de decoração. Ele desenhou passagens, túneis e corredores secretos, mas não para decorar, e sim para guiar os passos de quem soubesse ler seus símbolos. Esses desenhos eram uma chave para algo mais — algo que só seria desvendado séculos depois.
Mapa de Da Vinci
Foi no final do século XV que o Codex Forster I, um dos cadernos de Leonardo, foi redescoberto. Ele parecia um conjunto de notas e desenhos aleatórios, mas uma análise mais cuidadosa revelou algo fascinante: ali estavam, mapeados de forma sutil, os túneis que existiam sob o Castelo Sforza. Uma rede de passagens secretas que, à época, eram conhecidas apenas pelos duques e alguns poucos privilegiados.
Em 2019, uma equipe de arqueólogos da Universidade Politécnica de Milão, com o auxílio de tecnologias como radares de penetração no solo e escaneamento a laser, conseguiu confirmar o que parecia ser uma história fantasiosa: os túneis descritos por Leonardo realmente existiam.
O que começou como um simples desenho de um artista visionário tornou-se um mapa real, que agora guia a exploração arqueológica de um segredo de séculos.
Função dos túneis
Esses túneis não foram feitos apenas para garantir a segurança do castelo durante tempos de guerra. A verdadeira função deles era muito mais fascinante e simbólica. Ao contrário das simples fortificações de uma fortaleza medieval, esses corredores conectavam o castelo a lugares de grande importância espiritual e pessoal.
Um dos túneis descobertos leva diretamente à Basílica de Santa Maria delle Grazie, onde está a famosa pintura “A Última Ceia”, de Da Vinci. Esse túnel, então, poderia ter sido uma via de acesso exclusivo para os duques e nobres, oferecendo-lhes uma passagem privada para visitar os túmulos da família Sforza.
E talvez, em um toque ainda mais romântico, o túnel também servisse a um propósito pessoal: uma via para o duque Ludovico Sforza visitar, de forma reservada, o túmulo de sua amada esposa Beatrice d’Este, que descansava na mesma basílica. Através dessa passagem secreta, ele teria um acesso direto ao coração da memória de sua esposa, mantendo um laço que era apenas dele e dela.
O Castelo Sforza, com seus túneis secretos e mistérios não resolvidos, se mantém como um símbolo da complexidade da história. O futuro continua a nos trazer à tona os segredos de Da Vinci, e é provável que, assim como o castelo, os mistérios de sua vida e legado nunca sejam totalmente desvendados.