Impulsionado por tendências nas redes sociais e relatos de celebridades, o uso indiscriminado de inibidores de apetite à base de semaglutida, como Ozempic e Wegovy, para emagrecimento sem indicação médica tem se tornado uma preocupação crescente.
Diante desse cenário, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estuda tornar obrigatória a retenção da receita médica para a compra desses medicamentos, que são indicados para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade. Atualmente, a prescrição médica é exigida, mas sem a necessidade de retenção da receita, o que facilita o uso inadequado dos remédios.
Inibidores de apetite
Sociedades médicas de diabetes e endocrinologia apoiam a medida, destacando que a automedicação pode comprometer o acesso ao tratamento para aqueles que realmente precisam. Além disso, a Anvisa tem registrado um aumento significativo nas notificações de reações adversas relacionadas à semaglutida, incluindo casos graves de pancreatite.
Os medicamentos análogos de GLP-1, que ajudam no controle do apetite e na regulação da glicose, ganharam popularidade devido a estudos que apontam benefícios adicionais, como a redução da pressão arterial e a proteção contra doenças metabólicas.
No entanto, o uso sem orientação médica pode trazer riscos, como náuseas, vômitos e hipoglicemia. Especialistas defendem que, além da retenção de receita, sejam estabelecidos prazos claros para a validade das prescrições e criados mecanismos eficazes para monitorar os impactos da nova regulamentação.
Nova geração de remédios contra a obesidade
A indústria farmacêutica também enfrenta obstáculos nesse cenário. A Novo Nordisk, responsável pela semaglutida, enfatiza que não autoriza a comercialização do medicamento em farmácias de manipulação e alerta para os riscos associados a versões irregulares.
Enquanto isso, a Eli Lilly, sua principal concorrente, avança com a tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, que tem mostrado desempenho superior na perda de peso e no controle metabólico. Pesquisas sugerem que futuras gerações desses medicamentos poderão oferecer efeitos ainda mais potentes.
Apesar do entusiasmo em torno dessas novas opções terapêuticas, especialistas reforçam a necessidade de cautela e a importância de abordagens naturais, como alimentação balanceada e prática regular de exercícios. Além disso, discute-se a viabilidade do financiamento público para esses tratamentos, especialmente para pacientes com obesidade mórbida, enquanto se aguarda a chegada de versões genéricas que possam tornar os custos mais acessíveis.