A escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (9), quando a China anunciou uma retaliação imediata aos Estados Unidos, impondo tarifas de 84% sobre produtos norte-americanos.
A medida foi uma resposta direta ao anúncio feito horas antes pelo presidente Donald Trump, que, desde o início do seu segundo mandato, reforçou o uso de tarifas como instrumento de pressão, elevando para 104% as taxas sobre importações chinesas.
A postura do governo dos EUA reacendeu tensões no comércio global e acendeu alertas em mercados e governos ao redor do mundo.
Guerra comercial se intensifica com novos aumentos tarifários entre China e EUA
A ofensiva dos Estados Unidos foi revelada após a China se recusar a atender ao ultimato de Trump, que exigia a remoção das tarifas impostas por Pequim até a quarta-feira, sob ameaça de sanções ainda mais duras.
O presidente norte-americano cumpriu a promessa, dobrando a carga tarifária com um adicional de 50 pontos percentuais sobre os 54% já vigentes. Com isso, a taxa total que os EUA passa a cobrar de produtos chineses chega aos 104%.
Em resposta, o governo chinês não hesitou em entrar na guerra comercial: elevou suas próprias tarifas em igual proporção, atingindo agora o patamar de 84% sobre uma ampla gama de produtos dos EUA.
O Ministério das Finanças da China confirmou que as novas taxas entrariam em vigor já na quinta-feira (10), destacando que a medida acompanha o princípio de reciprocidade adotado desde o início da disputa.
Autoridades chinesas divulgaram ainda um documento reafirmando o compromisso com o diálogo, mas exigindo respeito mútuo e igualdade nas negociações.
Em pronunciamento, um porta-voz do Ministério das Relações Internacionais acusou os Estados Unidos de “intimidação tarifária” e afirmou que Pequim não cederá a pressões unilaterais.
A China também levou sua insatisfação à Organização Mundial do Comércio (OMC), alertando sobre os riscos à estabilidade do comércio internacional provocados pelas ações de Washington.
Guerra comercial afeta economias em todo o mundo
A reação dos mercados a nova escalada na guerra comercial foi imediata.
As bolsas europeias despencaram, refletindo o temor de um impacto prolongado na economia global. No Brasil, o dólar subiu, ultrapassando os R$ 6,05, e o Ibovespa operava em queda.
Na Ásia, o clima foi misto: enquanto China e Hong Kong registraram ganhos, Japão e Coreia do Sul fecharam em baixa significativa.
Especialistas alertam que o aprofundamento dessa guerra comercial pode atingir duramente as economias emergentes, mais vulneráveis às flutuações externas, e agravar a desigualdade global, caso o impasse entre Washington e Pequim não encontre uma solução diplomática em breve.