O excesso de gordura corporal é uma preocupação recorrente para milhões de pessoas em todo o mundo. Seja por motivos estéticos ou pelo impacto direto na saúde, o acúmulo de tecido adiposo frequentemente é visto como resultado de maus hábitos alimentares ou da falta de atividade física.
Contudo, uma nova pesquisa científica acaba de lançar luz sobre um fator pouco conhecido: a gordura corporal pode desempenhar um papel ativo no desenvolvimento da ansiedade.
A descoberta desafia a ideia comum de que pessoas ansiosas comem demais ou que indivíduos com sobrepeso desenvolvem ansiedade por pressões sociais.
Foi descoberto que a gordura corporal tem ligação com a ansiedade
Pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá, conduziram um estudo inovador que foi publicado recentemente na revista científica Nature Metabolism.
O objetivo da equipe era entender se havia uma conexão biológica direta entre o tecido adiposo, comumente chamado de gordura corporal, e os estados emocionais.
Para isso, eles realizaram uma série de experimentos em camundongos, usando injeções de adrenalina — substância liberada em situações de estresse — para ativar o mecanismo de “luta ou fuga” no organismo dos animais.
Durante os testes, os cientistas observaram que, ao ser exposto ao estresse, o corpo libera gorduras na corrente sanguínea. Essas substâncias ativam células do sistema imunológico, que então produzem uma proteína chamada GDF15.
Essa proteína se desloca até o cérebro, onde interage com receptores específicos e estimula áreas ligadas à ansiedade. Pela primeira vez, foi traçado um caminho claro e físico entre o tecido adiposo e os circuitos cerebrais envolvidos em respostas emocionais.
Mas o que a descoberta sobre a gordura corporal significa na prática?
Na prática, essa descoberta significa que a gordura corporal não é apenas um depósito passivo de energia, como se acreditava. Ele atua como um órgão com capacidade de comunicação com o cérebro, influenciando diretamente o estado emocional de uma pessoa.
Isso pode abrir espaço para novas abordagens no tratamento da ansiedade, que deixariam de focar apenas na mente e passariam a considerar também os processos metabólicos do corpo.
Além de expandir o entendimento sobre a interação entre corpo e mente, os resultados também ajudam a combater preconceitos.
Fica mais evidente que a obesidade e os transtornos emocionais não devem ser vistos apenas como falhas de comportamento, mas sim como condições complexas que envolvem fatores biológicos profundos.