Pouco visíveis a olho nu, as falhas geológicas são fraturas na crosta terrestre onde blocos de rocha se movimentam, alterando o relevo e, em alguns casos, provocando abalos sísmicos.
Essas estruturas naturais podem estar adormecidas por milênios, mas ainda assim representam um fator importante no planejamento de cidades.
E o que poucos sabem é que uma das capitais mais conhecidas do Brasil repousa diretamente sobre uma complexa rede dessas falhas. Trata-se de Curitiba, no Paraná.
Falhas geológicas estão por todo lugar nesta capital brasileira
A capital paranaense é frequentemente citada como exemplo de urbanismo eficiente e qualidade de vida. Mas o que permanece fora do radar da maior parte da população é que o subsolo da cidade guarda uma geologia inquieta.
Curitiba está posicionada sobre a chamada Bacia Sedimentar de Curitiba, uma formação tectônica com cerca de 3 mil quilômetros quadrados de extensão.
Essa depressão geológica foi moldada por falhas geológicas normais — rupturas geradas por forças de distensão — orientadas predominantemente no sentido nordeste-sudoeste.
Essa região sedimentar foi preenchida por camadas da Formação Guabirotuba, depositadas há dezenas de milhões de anos.
No entanto, o que chama a atenção dos especialistas é o entrelaçamento de falhas geológicas antigas e reativadas que cortam tanto o embasamento rochoso quanto os sedimentos recentes. Um exemplo é a Falha do Rio Barigüi, que atravessa áreas densamente urbanizadas.
Além disso, a cidade está sob influência do Sistema de Falhas Cubatão-Lancinha, uma estrutura tectônica de grande escala que se estende por várias regiões do Sudeste e Sul do país.
Como as falhas geológicas afetam Curitiba
Apesar de o Brasil estar longe das bordas das placas tectônicas — onde os terremotos mais intensos costumam ocorrer —, eventos sísmicos de menor magnitude não são raros no interior do país.
Curitiba já sentiu tremores, como um sismo de 4.5 graus na escala Richter registrado próximo à cidade. Embora tais eventos não representem um alto risco imediato, eles levantam questionamentos sobre a resiliência da infraestrutura urbana.
Hoje, a norma brasileira que trata do dimensionamento sismo-resistente classifica Curitiba em uma zona de perigo sísmico baixo a moderado. Mesmo assim, o tema ainda é pouco incorporado nas políticas urbanísticas da cidade.
Especialistas alertam que o avanço do conhecimento geológico precisa caminhar junto com o planejamento urbano para garantir a segurança e sustentabilidade das construções. Afinal, as falhas geológicas estão ali — mesmo que escondidas sob o asfalto.