O óxido nitroso, um gás incolor popularmente chamado de “gás do riso” ou “gás hilariante”, possui aplicações consolidadas em diferentes áreas. Na medicina, é amplamente utilizado como sedativo e analgésico leve, principalmente em procedimentos odontológicos. Já na gastronomia, especialmente na preparação de sobremesas, o composto serve como agente aerador, sendo utilizado para dar leveza a cremes como o chantilly.
Apesar dessas aplicações técnicas, seu uso tem se expandido de forma preocupante fora desses ambientes controlados. A substância tem atraído atenção como droga recreativa, em razão de seu potencial de provocar estados de euforia, relaxamento e alteração da percepção — sensações comparáveis às de um leve estado de embriaguez. Esse uso não supervisionado tem se tornado cada vez mais comum, principalmente entre jovens.
Vício em crescimento
Nos Estados Unidos, o uso recreativo do óxido nitroso tem aumentado de forma alarmante, impulsionado por sua venda em tabacarias e lojas de vapes. Empresas começaram a oferecer cilindros maiores, com embalagens chamativas e sabores artificiais como framboesa e morango, frequentemente direcionados ao público jovem.
A facilidade de aquisição — tanto em lojas físicas quanto em plataformas online — e a estética lúdica do produto contribuem para sua banalização e consumo frequente, inclusive em locais públicos. O uso desregulado do óxido nitroso representa sérios riscos à saúde. Esse aumento no consumo também tem sido estimulado pela exposição nas redes sociais, onde vídeos de jovens inalando o gás viralizam, ajudando a naturalizar esse comportamento.
Gás do riso
O óxido nitroso compromete a oxigenação cerebral, podendo provocar desmaios, perda de consciência, convulsões e, em casos graves, morte por hipóxia. O uso frequente também afeta o metabolismo da vitamina B12, o que pode resultar em lesões neurológicas permanentes, paralisia e danos à medula espinhal. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), as mortes associadas ao gás cresceram mais de 110% entre 2019 e 2023.
Diante da escalada no uso indevido, especialistas e órgãos de saúde reforçam a necessidade de medidas regulatórias mais severas. Apesar de iniciativas em alguns estados dos EUA e em países como o Reino Unido, o óxido nitroso ainda é amplamente acessível em várias regiões americanas, perpetuando a desinformação e incentivando práticas arriscadas.