Uma pesquisa da Queen Mary University de Londres apontou que os sintomas prévios ao diagnóstico de demência podem diferir entre grupos étnicos. Embora a dificuldade de memória seja o sinal mais conhecido da doença, os cientistas descobriram que outros indícios, como depressão, perda de peso, tontura e pressão arterial baixa, podem aparecer vários anos antes da confirmação do diagnóstico.
Reconhecer esses sintomas não cognitivos pode tornar o diagnóstico precoce da demência mais acessível e equitativo, possibilitando um tratamento adequado no momento certo. A pesquisa examinou registros médicos eletrônicos de mais de um milhão de pessoas em East London, comparando informações de 4.137 pacientes diagnosticados com demência com as de 15.754 indivíduos sem a condição.
Sintomas de demência
Ao analisar os sintomas relatados aos médicos ao longo de dez anos antes do diagnóstico, os pesquisadores identificaram diferenças entre os grupos étnicos. Os dados mostraram que indivíduos negros e sul-asiáticos relataram, com mais frequência, sinais como constipação, incontinência, tontura, desequilíbrio, dor musculoesquelética e insônia antes de serem diagnosticados com a condição.
Charles Marshall, professor de Neurologia Clínica e responsável pelo estudo, alerta que o foco exclusivo nas dificuldades de memória pode prejudicar a identificação precoce da demência, uma vez que a doença afeta diversas funções do organismo.
Tendência por etnia
Além disso, aspectos culturais podem afetar a maneira como os pacientes comunicam seus sintomas aos profissionais de saúde. Por isso, a conscientização sobre os sinais iniciais da doença pode ajudar a diminuir desigualdades, garantindo que diferentes grupos tenham acesso ao diagnóstico e tratamento apropriados.
Richard Oakley, Diretor Associado de Pesquisa e Inovação da Alzheimer’s Society, ressaltou que indivíduos de ascendência negra e sul-asiática têm um risco elevado de desenvolver a condição, mas frequentemente não são adequadamente representados em estudos científicos. Ele enfatiza que pesquisas como essa são fundamentais para promover uma detecção mais inclusiva e justa da doença.