A descoberta arqueológica de uma estrutura no bairro da Ribeira, em Natal (RN), está chamando a atenção de pesquisadores e autoridades do patrimônio histórico.
Durante obras de reforma no antigo prédio do Grupo Escolar Augusto Severo, arqueólogos localizaram uma estrutura enterrada sob diversas camadas de aterros, a uma profundidade de cerca de um metro e meio.
A localização e as características dessa estrutura sugerem que ela pode estar associada a uma antiga ponte de madeira, construída antes das grandes transformações urbanas que modificaram a região.
Estrutura abaixo de várias camadas de aterro é encontrada no Brasil
A arqueóloga Nathalia Bastos Mundim, responsável pelas escavações, relatou à agência de reportagem Saiba Mais que a estrutura foi identificada já no nível da água, o que reforça a ideia de que pertence a um período anterior ao processo de aterramento do bairro, iniciado no final do século XVIII.
Naquela época, a Ribeira era uma área alagadiça, banhada regularmente pelo Rio Potengi, e exigiu grandes intervenções para se tornar habitável.
A nova descoberta indica vestígios de uma fase da história local anterior às obras de modernização, oferecendo a possibilidade de ampliar o conhecimento sobre as primeiras ocupações urbanas da cidade.
De acordo com o relatório enviado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a estrutura encontrada se estende além dos limites do edifício em reforma.
O material utilizado em sua composição será analisado em detalhes, pois a ausência de cimento poderia indicar que sua construção data ainda do período colonial.
O formato plano e a posição submersa sugerem que a estrutura pode ter funcionado como base para uma ponte ou outra construção de apoio essencial à circulação naquela área pantanosa.
O que a estrutura encontrada revela?
O prédio do Grupo Escolar Augusto Severo, onde as escavações ocorrem, foi inaugurado no fim do século XIX, durante uma fase de investimentos em educação e modernização urbana promovidos pelo regime republicano.
Sua reforma atual trouxe à tona não apenas um edifício histórico, mas também indícios de um passado ainda mais remoto, que vinha oculto sob camadas de terra acumuladas ao longo dos séculos.
Para os arqueólogos, o achado é uma oportunidade rara de revisitar e expandir a narrativa histórica da capital potiguar.
Como destacou Nathalia Bastos Mundim, a arqueologia não busca apenas confirmar registros antigos, mas também revelar aspectos da história que ainda permanecem invisíveis nos documentos oficiais.