A caligrafia ilegível dos médicos é um problema amplamente reconhecido, que frequentemente causa confusão e dificuldades na interpretação de receitas e outros documentos. A famosa “letra de médico” representa um desafio tanto para pacientes quanto para farmacêuticos, que muitas vezes precisam se esforçar para entender o que está escrito.
A traumatologista Inés Moreno, em uma entrevista ao Globo e também em suas redes sociais, explicou que a caligrafia ilegível desses profissionais não é um descuido, mas sim uma consequência de diversos fatores ligados à rotina intensa da profissão.
Letra de médico
De acordo com a especialista, o ritmo acelerado e a carga de trabalho são as principais causas dessa escrita difícil. Os profissionais da saúde enfrentam jornadas intensas, registrando centenas de notas e prescrições ao longo do dia.
Além disso, a terminologia médica, que frequentemente envolve termos técnicos e nomes de medicamentos complicados, leva-os a utilizarem abreviações para otimizar o tempo. A exaustão, principalmente após longos plantões, também pode afetar a precisão da coordenação motora, resultando em uma caligrafia difícil de decifrar.
Riscos da caligrafia ilegível
A caligrafia ilegível dos médicos, embora seja algo comum, pode acarretar sérias consequências. Em situações mais graves, a dificuldade de interpretar uma receita pode levar a erros na medicação, colocando a saúde do paciente em risco. Em 2017, o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fiocruz, registrou 1.853 casos de intoxicação devido a erros na administração de medicamentos. De acordo com uma pesquisa da Unifesp, 34% dos prontuários manuscritos acabam sendo interpretados de forma incorreta pelos próprios colegas dos profissionais que os redigiram.
Uma solução que tem ganhado espaço para resolver esse problema é a digitalização das prescrições. Muitos hospitais agora optam por emitir receitas eletrônicas, a fim de evitar equívocos na interpretação. Além disso, legislações e códigos de ética médica exigem que os documentos médicos sejam claros e legíveis, com o objetivo de garantir a segurança do paciente e facilitar a comunicação entre médicos, farmacêuticos e demais profissionais da saúde.