Capaz de sobreviver ao vácuo espacial, o tardígrado — um minúsculo animal de cerca de um milímetro — pode oferecer uma nova contribuição à ciência, desta vez, ajudando a proteger o corpo dos efeitos colaterais da radioterapia – um tipo de tratamento de câncer.
Com base em suas habilidades únicas de sobrevivência, pesquisadores norte-americanos estão explorando os mecanismos biológicos do chamado “urso d’água” para desenvolver uma técnica inovadora. A proposta é utilizar os recursos naturais desse organismo para preservar tecidos saudáveis durante os tratamentos contra o câncer, oferecendo aos pacientes uma alternativa promissora para reduzir os danos provocados pela exposição à radiação.
Ajuda na proteção contra o câncer
Pesquisadores do MIT e da Universidade de Iowa testaram em ratos de laboratório o uso de mRNA sintético com a informação genética da Dsup — proteína dos tardígrados capaz de proteger o DNA contra danos. Ao ser expressa temporariamente nas células saudáveis, a proteína reduziu os efeitos colaterais da radioterapia sem prejudicar sua eficácia no combate ao câncer.
O mRNA foi encapsulado em nanopartículas lipídicas, tecnologia já usada em vacinas como a da COVID-19, e entregue às células. Lá, ele foi traduzido em proteína, que se ligou ao DNA, protegendo-o das quebras causadas pela radiação.
“Existe uma necessidade urgente de reduzir os danos aos tecidos durante a radioterapia”, disse Giovanni Traverso, do MIT. Para James Byrne, da Universidade de Iowa, os efeitos colaterais podem ser perigosos e representam um desafio importante a ser superado.
Detalhes adicionais
Feridas, inflamações e até sangramentos estão entre os efeitos colaterais mais comuns da radioterapia — e também entre os principais motivos que levam pacientes a interromper o tratamento contra o câncer. Nesse contexto, a nova abordagem desenvolvida pelos cientistas surge como uma alternativa promissora, com potencial para aumentar a tolerância à radioterapia e proporcionar mais qualidade de vida durante o processo terapêutico.
Enquanto isso, os tardígrados, com seus corpos arredondados, oito patas e uma aparência que lembra criaturas de ficção científica, esses seres microscópicos são incrivelmente adaptáveis, habitando desde florestas tropicais úmidas até regiões polares. Em 2007, demonstraram sua resistência em uma missão espacial, quando suportaram dez dias expostos ao vácuo, à radiação solar e à ausência de oxigênio.