Apesar das embalagens atrativas, dos rótulos cheios de promessas e do apelo à saúde, os biscoitos seguem mantendo sua essência: são produtos ultraprocessados, geralmente com altos teores de açúcar, gordura e sal. A imagem de que seriam uma alternativa saudável – inclusive indicada para bebês em décadas passadas – vem sendo revista com base em novas evidências científicas.
Afinal, a nutrição é uma área em constante atualização, e as recomendações evoluem conforme avançam os estudos. Foi justamente com esse espírito crítico que nasceu, há mais de dez anos, o projeto BADALI, da Universidade Miguel Hernández, na Espanha.
A iniciativa criou um banco de dados com avaliações nutricionais de mais de 10 mil alimentos industrializados, entre eles 640 tipos de biscoitos. O diagnóstico é contundente: apenas quatro se mostraram adequados para o consumo, com níveis controlados de açúcar, gorduras (inclusive saturadas) e sal, além da ausência de adoçantes artificiais.
Marketing dos biscoitos
Confira as principais estratégias de marketing usadas pelos fabricantes de biscoitos para atrair os consumidores — muitas vezes de forma enganosa:
- Uso de personagens infantis nas embalagens: Produtos voltados ao público infantil continuam com fórmulas pouco saudáveis, mesmo com apelo visual voltado às crianças.
- Alegações como “rico em fibras”: Embora sejam comuns, apenas 1 biscoito entre os analisados com esse destaque realmente apresenta um perfil nutricional adequado.
- Promoção de vitaminas e minerais adicionados: A presença desses nutrientes não garante que o produto seja saudável, já que o restante da composição costuma ser desequilibrado.
- Rótulos que indicam “sem açúcar” ou “sem adição de açúcar”: Apesar da promessa, 90% desses produtos contêm adoçantes, que também não são recomendados para consumo frequente.
- Selo “orgânico”: O rótulo “bio” pode transmitir uma imagem de saudabilidade, mas apenas 4 dos 161 biscoitos orgânicos analisados atenderam aos critérios nutricionais adequados.
Em síntese, apesar das estratégias de marketing da indústria alimentícia, os biscoitos ainda estão distantes de serem considerados uma opção saudável. Caso a decisão seja consumi-los, é recomendável escolher versões com menos açúcar, sal e gordura, limitando o consumo a ocasiões esporádicas.