O Brasil tem enfrentado um aumento preocupante no número de ataques de escorpiões, com um crescimento superior a 150% na última década. Em 2024, mais de 180 mil casos de escorpionismo foram registrados, embora muitos especialistas acreditem que o número real seja ainda maior. O estudo, intitulado “Scorpions ‘taking over’ Brazilian cities with reported stings rising 155%”, foi publicado nesta quarta-feira (8) e destaca as causas e implicações desse aumento.
Eles alertam para uma “epidemia silenciosa”, uma vez que, como ocorre com muitas doenças transmitidas por vetores, o número de incidentes realmente pode ser bem maior do que os dados oficiais indicam. Em 2024, o Brasil registrou 133 mortes devido a ataques de escorpiões, uma taxa de mortalidade que, embora não seja alta em termos relativos, se torna preocupante devido ao crescente número de casos.
Escorpiões no Brasil
Pesquisadores, como Eliane Arantes da USP, destacam a urbanização desordenada e as mudanças climáticas como principais causas da proliferação de escorpiões:
- Urbanização desordenada: Áreas com infraestrutura precária e saneamento inadequado favorecem o aumento da população de escorpiões.
- Esgotos e escombros: Escorpiões se abrigam em esgotos, entulho e sistemas de esgoto, perto das residências.
- Mudanças climáticas: Verões quentes e chuvas alternadas favorecem a proliferação dos escorpiões, adaptados a ambientes úmidos e quentes.
A espécie mais preocupante é o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), devido à sua adaptação à urbanização:
- Reprodução por partenogênese: A fêmea gera descendentes sozinha, sem necessidade de inseminação.
- Sobrevivência sem alimentação: Pode viver até 400 dias sem se alimentar.
- Atratividade por baratas: Encontra-se frequentemente em esgotos, atraído pelas baratas.
- Entrada nas residências: Geralmente entra nas casas por meio dos ralos.
Prevenções e tratamento
Embora a mortalidade seja baixa em relação ao número de casos, o aumento de incidentes tem pressionado o SUS, único sistema com soro antiveneno. Para prevenir, especialistas indicam o uso de lanternas ultravioleta em ambientes fechados, vedação de ralos, e inspeção de roupas e sapatos.
O artigo também destaca a necessidade de campanhas de conscientização e ampliação da produção de soro. A falta de informações sobre os hábitos dos escorpiões dificulta o combate, exigindo um planejamento de longo prazo em saúde pública.