De acordo com dados da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o número de ataques fatais de onça-pintada a humanos é extremamente raro, mesmo em regiões com alta presença do felino.
Entre 1950 e 2018, foram registrados apenas 64 casos confirmados na Amazônia, o que representa uma chance em 216 milhões. Já os ataques de cães resultam em morte em uma taxa consideravelmente maior: uma em cada 3,8 milhões de pessoas, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e entidades ligadas à saúde pública.
A diferença de frequência entre os dois tipos de ataques está relacionada ao comportamento natural dos animais e à convivência com os humanos. Cães, mesmo sendo domesticados, ainda podem apresentar instintos agressivos, principalmente em situações de estresse, treinamento inadequado ou estímulos territoriais.
Já a onça-pintada, por ser um animal silvestre, tende a evitar ao máximo o contato com humanos, ataques são exceção e não a regra.
Caso reabre debate sobre alimentação irregular da onça-pintada
O ataque fatal ao caseiro Jorge Avalo, ocorrido em abril de 2025, em uma fazenda do Mato Grosso do Sul, gerou comoção e levantou novos alertas sobre práticas ilegais de interação com a fauna silvestre.
Jorge, de 60 anos, foi encontrado sem vida após ser surpreendido por uma onça-pintada em uma área isolada, a cerca de 150 km de Miranda. O felino, um macho debilitado de apenas 94 kg, foi capturado dias depois pela Polícia Militar Ambiental para análise genética e exame de saúde.
Segundo investigações, havia indícios de que a prática ilegal de “ceva”, oferta de alimento a onças para facilitar avistamentos turísticos, era realizada na região. Essa atividade, proibida no estado desde 2011, pode fazer com que os felinos percam o medo natural do ser humano, o que aumenta os riscos de interações perigosas.
É importante mencionar que, apesar da morte do caseiro, a ocorrência de ataques por onça-pintada no Pantanal é extremamente rara. O último caso com desfecho fatal havia ocorrido há 17 anos, também em contexto de alimentação artificial de animais.
Vale mencionar que a onça-pintada (Panthera onca) é um predador de topo na cadeia alimentar brasileira, com dieta baseada principalmente em animais silvestres como capivaras, antas, veados e jacarés. Em áreas de pecuária, como o Pantanal, os bezerros também entram no radar alimentar do felino.
Outro detalhe importante é que, mesmo abaixo do peso, o Pantanal oferece vasta fauna para alimentação, o que indica que outros fatores, como defesa territorial, época reprodutiva ou interferência humana, também podem influenciar o comportamento da onça.
Sendo assim, a comparação entre os riscos oferecidos por cães e por onças-pintadas deixa clara a importância da convivência responsável com os animais, sejam eles domésticos ou selvagens. Além disso, respeitar o habitat natural da fauna é essencial para evitar tragédias e garantir a preservação ambiental.