Obras clássicas como a icônica “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim, assim como textos históricos e literários de grande reconhecimento, criados muito antes do surgimento da Inteligência Artificial (IA), têm sido erroneamente identificadas por ferramentas digitais como produtos de máquinas.
Esse fenômeno acontece devido ao desenvolvimento de softwares que afirmam conseguir diferenciar textos escritos por humanos daqueles gerados por IA, analisando padrões linguísticos e características específicas da linguagem. No entanto, testes conduzidos pelo portal InfoMoney mostram que muitos desses programas ainda apresentam dificuldades em fazer essa distinção de forma confiável.
Garota de Ipanema
Isso fica evidente quando obras antigas, como a letra da música “Garota de Ipanema”, são classificadas com altos índices de probabilidade de terem sido criadas por inteligência artificial, apesar de terem sido compostas décadas antes do surgimento dessa tecnologia. Nos testes, a canção chegou a ser apontada como 92% produzida por IA.
Os algoritmos desses detectores avaliam características como o estilo de escrita, a repetição de termos, a previsibilidade e a organização do texto. Eles não compreendem o conteúdo, mas identificam padrões que, conforme seus critérios, sugerem uma autoria artificial.
No entanto, como os modelos de IA foram treinados com grandes volumes de textos clássicos e renomados, acabam associando esses padrões a criações feitas por máquinas. Dessa forma, textos autênticos de autores consagrados são frequentemente classificados como gerados por IA.
Detecção de IA
Empresas que trabalham com inteligência artificial já lançaram ferramentas destinadas a identificar textos produzidos por máquinas, mas muitas foram abandonadas devido à baixa precisão dos resultados. Isso evidencia a dificuldade de distinguir entre conteúdos criados por humanos e por sistemas automatizados, especialmente à medida que a IA avança e aprimora sua habilidade de imitar a linguagem natural.
Outra estratégia adotada para proteger textos gerados por IA é a utilização do watermarking — uma espécie de marca digital invisível inserida no conteúdo — que facilitaria o rastreamento da origem do material. No entanto, essa tecnologia ainda está em estágio inicial e pode ser facilmente removida com pequenas alterações no texto, o que limita sua eficácia e a disseminação ampla dessa solução.