Desde segunda-feira, a exposição Memórias Soterradas está em cartaz no Complexo Cultural do Teatro Deodoro, em Maceió. A mostra proporciona uma experiência imersiva nas histórias, memórias e expressões artísticas das comunidades afetadas pelo maior desastre socioambiental já registrado em uma área urbana: o colapso provocado pela mineração da Braskem na capital alagoana.
A mostra é fruto do projeto Cidade de Afetos, realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento das Alagoas (Ideal), que agora alcança sua segunda edição. A iniciativa nasceu com o objetivo de transformar as vivências das comunidades atingidas pelo desastre, empregando a arte como meio de expressão para preservar memórias, dar voz às lutas e evidenciar atos de resistência.

A exposição Memórias Soterradas segue em exibição até o dia 8 de março, com acesso livre ao público. O projeto Cidade de Afetos já recebeu reconhecimento em editais culturais e foi premiado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), reforçando sua importância na valorização da memória coletiva e no fortalecimento da identidade cultural das comunidades impactadas.
Propósito da Mostra
Inicialmente, o projeto atuou junto a moradores e ex-moradores dos cinco bairros mais afetados — Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e Farol. Posteriormente, as ações foram estendidas para comunidades vizinhas à área de afundamento, como os Flexais, Levada e Vergel do Lago, ampliando o impacto da iniciativa.
Isadora Padilha, criadora do Cidade de Afetos, ressalta que a exposição tem o objetivo de converter as dores e perdas das comunidades em expressões culturais marcantes. “Os visitantes irão se deparar com um forte caráter de denúncia e uma variedade de linguagens autênticas, incluindo fotografias, grafites, cartazes urbanos, instalações artísticas e performances culturais”, enfatiza.
Além das obras expostas, o projeto realiza oficinas ministradas por Ana Letícia Cordeiro, Giselle Torres Chaves, Synara Holanda e Taísa Theberge. Essas atividades estimulam a produção colaborativa e resgatam memórias afetivas, dando origem a criações que integram a mostra.